19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

conserveiras <strong>de</strong> Matosinhos ou as pequenas greves intermitentes, <strong>de</strong> 10 a 20 minutos em<br />

várias secções da CUF, no Barreiro.<br />

Também neste dia, em Alverca e Sacavém cerca <strong>de</strong> 10 empresas registam<br />

interrupções <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> duração variável. Além <strong>de</strong>stes, a<strong>de</strong>re a construção civil, os<br />

trabalhadores rurais e das obras do troço <strong>de</strong> Sacavém da auto-estrada, então em<br />

construção.<br />

No caso dos pescadores <strong>de</strong> Matosinhos e Afurada, a paralisação parece ter sido<br />

espontânea, com predomínio das reivindicações económicas, que o <strong>PCP</strong> inclusivamente<br />

<strong>de</strong>sconheceria 883 . Jaime Serra, no entanto, no seu informe à reunião do Comité Central<br />

<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1958 refere a realização <strong>de</strong> uma reunião promovida pelo Partido<br />

Comunista com 300 pescadores, on<strong>de</strong> às reivindicações económicas juntaram “as<br />

reivindicações políticas indicadas pelo Partido” 884 .<br />

Mas on<strong>de</strong> o partido está presente, o mo<strong>de</strong>lo organizativo das greves repete-se<br />

com reuniões preparatórias, como a que se realizou nos arredores <strong>de</strong> Alhandra, dirigida<br />

pelos elementos do Comité Local do <strong>PCP</strong>. A estratégia para a greve era provocar a<br />

paralisação por arrastamento a partir <strong>de</strong> uma ou mais secções por fábrica “até aparecer<br />

um encarregado ou qualquer entida<strong>de</strong> patronal a inquirir dos motivos <strong>de</strong> tal<br />

paralização <strong>de</strong>vendo então ser dito que ‘só trabalhavam <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ver satisfeita a<br />

«reivindicação» <strong>de</strong> eleições livres e fiscalizadas’” 885 .<br />

Na Margem Sul, um dia <strong>de</strong>pois das greves começarem a eclodir, a Direcção da<br />

Organização Regional do Sul lança um manifesto em que o apelo é claro. Por sua vez, a<br />

unificação das lutas procura ser explorada a norte pela respectiva Direcção <strong>de</strong><br />

Organização Regional:<br />

“a greve dos operários do sul criou uma nova onda <strong>de</strong> entusiasmo em<br />

todo o país...<br />

Os trabalhadores portugueses escolheram o caminho das acções <strong>de</strong><br />

massas, das paralizações e dos protestos...<br />

Trabalhadores do Norte! Paralizai o trabalho em todas as empresas! ” 886<br />

Mas será a Comissão Política que irá trabalhar a proposta, apoiando-se no<br />

espírito <strong>de</strong> iniciativa e <strong>de</strong> combativida<strong>de</strong> quase espontaneamente manifestada através<br />

<strong>de</strong>stas movimentações.<br />

883 Cf. Queridos Camaradas da C. <strong>de</strong> Imprensa, 1 p., fotoc., s.d., IAN/TT, PIDE/DGS, PC 1215/58, apenso a fls 205<br />

884 Freitas [Jaime Serra], Sobre as Greves Políticas..., p. 2<br />

885 Auto <strong>de</strong> Perguntas a Manuel Pedro Falcão em 24.7.58, AN/TT, PIDE/DGS, PC 1112/58, [11]<br />

886 Cit in O último movimento grevista, BIAC... fasc. 21, Julho <strong>de</strong> 1958, p. 5<br />

342

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!