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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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a partir do Brasil, em torno do general Delgado que aí se tinha exilado e que<br />

começara por manter boas relações com os capitães Henrique Galvão e Fernando<br />

Queiroga e a quem se tinha juntado Manuel Serra, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter escapado da prisão e do<br />

cerco à embaixada <strong>de</strong> Cuba, on<strong>de</strong> se mantivera asilado durante seis meses, no rescaldo<br />

do golpe da Sé.<br />

Em 1960, o MNI tinha enviado para o interior do país um indivíduo munido <strong>de</strong><br />

explosivos para iniciar acções <strong>de</strong> sabotagens. O contacto em Portugal era Fernando<br />

Piteira Santos, membro da Resistência Republicana-Socialista, que o foi ligando a<br />

outros elementos, alguns dos quais eram, como ele, antigos militantes do <strong>PCP</strong>, como<br />

Edmundo Pedro ou Joaquim Eduardo Pereira, para prepararem atentados que evitassem<br />

danos entre a população, incidindo sobre organismos e estruturas do regime, como as<br />

instalações da Censura, do Diário da Manhã ou da RTP. De qualquer modo, a inépcia<br />

<strong>de</strong>stes operacionais goraria as tentativas feitas, como uma <strong>de</strong> rebentamento da linha<br />

férrea junto a Vila Franca <strong>de</strong> Xira 1026 .<br />

O capitão Henrique Galvão, por seu turno, em representação do MNI do general<br />

Delgado, participa, logo em Janeiro <strong>de</strong> 1960, com resistentes espanhóis exilados em<br />

Caracas, na Venezuela, na constituição do DRIL – Directório Revolucionário Ibérico <strong>de</strong><br />

Libertação, que beneficiou do apoio mais ou menos discreto <strong>de</strong> países como Cuba,<br />

México ou Jugoslávia 1027 .<br />

Atento, o <strong>PCP</strong>, no comunicado da Comissão Política <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1960 ao<br />

<strong>de</strong>marcar-se das tendências terroristas que germinariam em meios oposicionistas,<br />

especifica serem “estimuladas por agrupamentos <strong>de</strong> emigrados portugueses que,<br />

quando em Portugal, viram fracassar as suas tentativas <strong>de</strong> golpes militares” 1028 ,<br />

particularmente <strong>de</strong>pois das eleições <strong>de</strong> 1958, nomeando mesmo quer o DRIL quer uma<br />

Frente Democrática para a Libertação dos Povos da Península Ibérica.<br />

Na viragem da década <strong>de</strong> cinquenta, o ambiente nos meios da emigração<br />

política, particularmente na América Latina, registava alguma animação, que<br />

correspon<strong>de</strong> a um movimento <strong>de</strong> reanimação e <strong>de</strong> recomposição das fileiras<br />

oposicionistas, também no exterior. E não era só o MNI ou o DRIL, mas também a<br />

Junta Patriótica Portuguesa da Venezuela, que se formara em Fevereiro <strong>de</strong> 1959, os<br />

jornais Portugal Democrático e Portugal Livre ou o Agrupamento <strong>de</strong> Portugueses<br />

Democratas do Uruguai.<br />

1026 Cf. I<strong>de</strong>m, Auto <strong>de</strong> perguntas a Edmundo Pedro, em 3 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1962, [156-159]<br />

1027 Cf. D. L. Raby, O DRIL (1959-61). Experiência única na oposição ao Estado Novo, in Penélope, 16, 1995, pp63-86<br />

1028 A tarefa inadiável da hora presente…<br />

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