19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Uma <strong>de</strong>las, A<strong>de</strong>lina, 21 anos, seria colocada nas mesma instalação que Ilídio<br />

Esteves, funcionalizado uns meses antes e, como diz, “conhecemo-nos <strong>de</strong>ssa maneira.<br />

Não chegou a um ano <strong>de</strong>pois passamos a ser companheiros” 1522 ; enquanto a outra,<br />

Albertina, 23 anos, seria colocada na instalação <strong>de</strong> Guilherme da Costa Carvalho 1523 , já<br />

membro do Comité Central, com quem viria a casar na prisão em 1966.<br />

Por sua vez, a terceira, Evelina, viveria primeiro na casa <strong>de</strong> José Carlos, em<br />

Setúbal, <strong>de</strong>pois na Cova da Pieda<strong>de</strong> na casa <strong>de</strong> António Dias Lourenço até fins <strong>de</strong> 1957,<br />

passando por quase um ano à casa <strong>de</strong> Rogério <strong>de</strong> Carvalho, em <strong>Lisboa</strong>, até que, em fins<br />

<strong>de</strong> 1958, seria enviada para o Porto para constituir instalação com Augusto Lindolfo,<br />

que acabara <strong>de</strong> passar à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> 1524 .<br />

Havia também situações <strong>de</strong> engajamento a partir do próprio aparelho clan<strong>de</strong>stino<br />

do partido. António João, era um velho militante do <strong>PCP</strong> no Alentejo Litoral, recrutado<br />

nos anos 40 em Ermidas-Sado. Escapou à vaga repressiva que se abateu sobre a<br />

organização, transferindo-se em fuga com a família para a zona <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, on<strong>de</strong><br />

reingressaria na organização em 1953-54, mantendo-se na legalida<strong>de</strong> como ponto <strong>de</strong><br />

apoio da Direcção, isto é, acolhendo na sua casa funcionários e dirigentes.<br />

Dos seus três filhos, A<strong>de</strong>lino, já operário da Sorefame, seria funcionalizado por<br />

proposta <strong>de</strong> Blanqui Teixeira, e as duas filhas, que costuravam, passariam à<br />

clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> em 1959 e em 1961-62 1525 , esta última, no Barreiro, levada por Rolando<br />

Verdial.<br />

Catarina Rafael, <strong>de</strong> Vale <strong>de</strong> Vargo, na margem esquerda do Guadiana, passa à<br />

clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> em 1947, com 29 anos e “Se não se tem dado nesse tempo um <strong>de</strong>sastre<br />

que houve em Évora, on<strong>de</strong> o Chico Miguel foi preso, soube <strong>de</strong>pois pelo Pires Jorge que<br />

era com ele que <strong>de</strong>via formar casa. Portanto, o problema do Chico Miguel foi posto <strong>de</strong><br />

parte, coitado, já se sabe o que ele sofreu, não precisamos <strong>de</strong> estar a falar nisso” 1526 .<br />

Na realida<strong>de</strong>, Francisco Miguel controlava o Alentejo e, sendo solteiro, necessitava <strong>de</strong><br />

uma companheira para formar instalação.<br />

Catarina será enviada então para formar a tipografia com Joaquim Rafael, com<br />

quem casará um ano <strong>de</strong>pois e com quem viverá por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> anos, sem nunca terem<br />

sido inclusivamente <strong>de</strong>tectados e presos.<br />

1522<br />

“Dezanove anos <strong>de</strong> clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>”, in Gina <strong>de</strong> Freitas, A força ignorada… p. 123<br />

1523<br />

Maria Albertina Ferreira Diogo, in Rose Nery Nobre <strong>de</strong> Melo, Mulheres portuguesas na resistência, <strong>Lisboa</strong>, Seara <strong>Nova</strong>,<br />

1975, pp 195-205<br />

1524<br />

Cf. TCL, 3º JC, Processo 16827/62, 12º vol., Auto <strong>de</strong> Perguntas e Auto <strong>de</strong> Reconhecimento <strong>de</strong> Evelina da Conceição<br />

Ferreira em 28 <strong>de</strong> Abril e 13 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1962, respectivamente, fls 831 e 851<br />

1525<br />

Cf IANTT, PIDE-DGS, P. 601/GT, [4-6]<br />

1526 Catarina Rafael, “Dei o que pu<strong>de</strong> e o que sei ao Partido” in Gina <strong>de</strong> Freitas, A força ignorada… p. 46<br />

634

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!