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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Todavia, a <strong>de</strong>marcação que estabeleciam em relação a Martins Rodrigues, que<br />

acabara aliás <strong>de</strong> ser expulso do partido, e à FAP parecia sobretudo formal, tornando<br />

evi<strong>de</strong>nte o grau <strong>de</strong> penetração das suas i<strong>de</strong>ias no sector, ainda que todos, explicitamente<br />

verbalizassem opor-se-lhes.<br />

Nogueira Lemos, por exemplo, reportando-se à luta armada, nos termos do<br />

documento, afirmava que “o problema do recurso à força exige a participação do povo<br />

e do Exército. O partido com os dados que tem do militarismo fascista assim conclue.<br />

Teoricamente está <strong>de</strong> acordo com isto, na prática levantam-se os problemas <strong>de</strong> saber: -<br />

Como arranjar ao povo armas. O movimento das lutas leva a esta procura. Mas<br />

quando será isto?” 1377 .<br />

Enquanto isto, Rosas, também quanto à violência, ao encarar a luta pela<br />

libertação do estudante José Luís Saldanha Sanches, entretanto a ser julgado,<br />

perguntava se o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> acções especiais durante o julgamento, como<br />

“fazer ir pelo ar a se<strong>de</strong> da “FEN” ou surrar os provocadores” 1378 não po<strong>de</strong>ria suscitar o<br />

reascenso das movimentações estudantis.<br />

Por outro lado, colocava na opinião <strong>de</strong> camaradas com quem tinha falado uma<br />

dúvida que se reportava afinal à crítica central que Martins Rodrigues fazia a Cunhal,<br />

que era a <strong>de</strong> saber se a política <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> do <strong>PCP</strong> não colocaria o proletariado a<br />

reboque da burguesia, ainda que <strong>de</strong>sta posição se <strong>de</strong>marque ao referir que a forma como<br />

Cunhal conceptualizou o levantamento nacional esclareceu o assunto.<br />

Fernando Rosas, ao mesmo tempo que criticava a FAP por “não confiar nas<br />

massas ao acusar o “partido” <strong>de</strong> trair os interesses do proletariado”, reconhece que<br />

estão criadas as condições para passar a estádios <strong>de</strong> luta superiores, reportando-se<br />

implicitamente à luta armada ou às acções <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa face ao aparelho repressivo,<br />

concluindo que “foi notória a sua falta em 1962” 1379 , retomando <strong>de</strong>ste modo outra das<br />

questões nodais da crítica às posições dominantes sobre a matéria no <strong>PCP</strong>.<br />

O tom do <strong>de</strong>bate evi<strong>de</strong>nciava uma pru<strong>de</strong>nte oscilação entre a concordância com<br />

as teses do Rumo à Vitória, mas que não excluíam críticas mais ou menos directas à<br />

política do partido aí expressas, que convergiam, pelo menos parcialmente, com as teses<br />

<strong>de</strong> Martins Rodrigues, que muitos <strong>de</strong>les conheciam e em relação às quais, em contexto<br />

partidário e após a expulsão daquele dirigente, tinham necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>marcar.<br />

1377 IAN/TT, PIDE-DGS, Documentos apreendidos a indivíduos do <strong>PCP</strong>, NT 9104, “Moreira” – Nuno Álvares Pereira, Opiniões<br />

manifestadas numa “reunião” do “organismo” da Cida<strong>de</strong> Universitária, Novembro <strong>de</strong> 1964 (?), p. 3 [446]<br />

1378 I<strong>de</strong>m, p.4 [447]<br />

1379 I<strong>de</strong>m<br />

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