19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 3.<br />

A “Política <strong>de</strong> Transição”<br />

e “o caminho para o <strong>de</strong>rrubamento do fascismo”<br />

1. O Tarrafal e a “Política <strong>Nova</strong>”<br />

O campo <strong>de</strong> concentração do Tarrafal reuniria, na dureza da vida prisional,<br />

sujeitos a autênticos trabalhos forçados, à dureza do clima e da salubrida<strong>de</strong> local, às<br />

violências e humilhações dos guardas prisionais, um conjunto <strong>de</strong> dirigentes e quadros<br />

comunistas <strong>de</strong> primeira linha, militantes experimentados e em boa medida <strong>de</strong>positários<br />

do património político partidário dos últimos anos, particularmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

reorganização <strong>de</strong> 1929. Inaugurando e construindo o próprio campo a partir <strong>de</strong> 1936 e<br />

continuando a chegar em levas sucessivas, trataram rapidamente <strong>de</strong> criar a Organização<br />

Comunista Prisional do Tarrafal.<br />

Aí, no meio <strong>de</strong> todas as agruras e sacrifícios procuraram não só manter o <strong>de</strong>bate<br />

político, a formação doutrinária, analisar e sistematizar a sua própria experiência<br />

histórica recente, como acompanhar a situação política e participar na vida partidária.<br />

As dificulda<strong>de</strong>s eram, evi<strong>de</strong>ntemente, enormes. Faltava tudo, do papel e lápis<br />

aos jornais. Houve fases em que o isolamento era <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m que aproveitavam tudo o<br />

que lhes pu<strong>de</strong>sse fornecer alguma indicação sobre o que se passava no mundo, Mesmo<br />

pedaços <strong>de</strong> papel perdidos no chão a que, como diz, “chamávamos nós «rádio merda»,<br />

pois que, muitas vezes eram mesmo pedaços <strong>de</strong> jornal que tinham servido <strong>de</strong> papel<br />

higiénico. Não obstante a que tinha sido <strong>de</strong>stinado, esse papel era aproveitado<br />

avidamente por nós como fonte <strong>de</strong> informação” 321 .<br />

A situação melhora com a chegada <strong>de</strong> novos presos, <strong>de</strong> novas levas, que trazem<br />

informações recentes, dados da conjuntura política, da situação internacional,<br />

experiências vividas, relatos e opiniões sobre a vida partidária.<br />

É neste contexto, que, em 1939, a OCPT, on<strong>de</strong> pontifica Bento Gonçalves,<br />

perante a eclosão da Segunda Guerra Mundial, discute a situação política admitindo a<br />

eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma invasão que pusesse em causa a soberania nacional, <strong>de</strong>cidindo em<br />

321 Gilberto <strong>de</strong> Oliveira, Memória viva do Tarrafal, Edições Avante!, <strong>Lisboa</strong>, 1987, p. 169<br />

121

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!