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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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vários partidos comunistas com um teor semelhante. Sucedia que <strong>de</strong> entre esses partidos<br />

se <strong>de</strong>stacava o PC soviético, o que conferia à questão um relevo substancialmente<br />

acrescido, pois, objectivamente, afrontava o centro do sistema internacional, mesmo<br />

que, nesta fase se notasse muita contenção ou parcimónia na forma <strong>de</strong> tratar os<br />

soviéticos.<br />

Em síntese, Martins Rodrigues manifesta a sua discordância frontal em relação<br />

ao documento publicado no exterior pelo Secretariado, mas em nome do Comité Central<br />

e propõe que num prazo <strong>de</strong> dois meses o Secretariado distribua um relatório<br />

circunstanciado do assunto por todos os membros do CC.<br />

A resposta a esta carta surgirá ainda em Fevereiro para reconhecer que Martins<br />

Rodrigues está muito mal informado sobre os assuntos que trata, pois “se o cam.<br />

C[ampos] possuísse uma informação pormenorizada, com mais facilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria<br />

fornecer o fundo do problema” 1245 . Mas quanto aos esclarecimentos, sendo muito<br />

complexos, só po<strong>de</strong>riam ser fornecidos <strong>de</strong> modo <strong>de</strong>talhado por escrito; no entanto, não<br />

havendo condições para isso discorda <strong>de</strong>ssa proposta. A prestarem-se esclarecimentos,<br />

seria quando muito verbalmente e apenas em relação a alguns aspectos, pelo que,<br />

naquelas condições, conclui o documento que eram perfeitamente suficientes os dados<br />

gerais expostos na Declaração em causa.<br />

Acrescenta que, sem qualquer manifestação contrária <strong>de</strong> Martins Rodrigues, já<br />

em Setembro <strong>de</strong> 1960, portanto antes da Conferência <strong>de</strong> Moscovo dos 81 partidos, o<br />

<strong>PCP</strong> se havia pronunciado sobre as divergências no movimento comunista internacional<br />

através do documento “Três Problemas da Actualida<strong>de</strong>”, publicado em O Militante,<br />

on<strong>de</strong> se criticava, embora que <strong>de</strong> modo não explícito, o documento “Viva o Leninismo”<br />

do PC chinês.<br />

O Secretariado queria naturalmente vincar que as posições do <strong>PCP</strong> pela unida<strong>de</strong><br />

do movimento comunista internacional nem eram recentes nem seguiam propriamente<br />

os soviéticos, pois apesar <strong>de</strong> terem sido estes a sugerir que a polémica interna ao<br />

movimento <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> ser pública, havia o Secretariado entendido não <strong>de</strong>ver abster-se<br />

<strong>de</strong> tomar posição, principalmente <strong>de</strong>vido à exploração que a imprensa internacional<br />

fazia do assunto.<br />

Mas, este documento terminava com a transposição das suas opiniões para o<br />

plano interno, i<strong>de</strong>ntificando-as precisamente e sem qualquer rebuço como dogmáticas e<br />

sectárias:<br />

1245 I<strong>de</strong>m, Declaração <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> Janeiro e opinião do cam. C., 28 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1963, dact., p. 1, apenso a fls 950<br />

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