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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Ainda assim, para o <strong>PCP</strong>, a apresentação <strong>de</strong> listas únicas, nas quais participava<br />

constituía uma vitória. Objectivamente conseguia, ainda que parcialmente, começar a<br />

inverter uma situação <strong>de</strong> isolamento em que se encontrava. E isso era particularmente<br />

evi<strong>de</strong>nte em distritos como <strong>Lisboa</strong> ou no Porto.<br />

Realizaram-se duas reuniões nacionais, isto é, com representantes das listas, em<br />

Leiria e uma terceira em Coimbra com os candidatos. Numa das reuniões <strong>de</strong> Leiria é<br />

aprovado um manifesto <strong>de</strong> todas as candidaturas únicas 1053 .<br />

Nessas reuniões, como em todo este processo, nunca <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> se ouvir<br />

posições favoráveis ao abstencionismo e quanto mais cedo melhor, principalmente<br />

veiculadas pelos sectores mais mo<strong>de</strong>rados, o que irritava o <strong>PCP</strong> que entendia que a<br />

questão da <strong>de</strong>sistência <strong>de</strong>via ser tomada mesmo à boca das urnas, <strong>de</strong> modo a po<strong>de</strong>r<br />

aproveitar plenamente o período eleitoral.<br />

Do mesmo modo, o Partido Comunista entendia que <strong>de</strong>viam ser criticadas e<br />

contrariadas todo o tipo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que visassem a não aceitação das candidaturas ou o<br />

apagamento da campanha, como as que, <strong>de</strong>signadamente, <strong>de</strong>fendiam a i<strong>de</strong>ia candidatar<br />

indivíduos presos ou que não se <strong>de</strong>veriam realizar sessões públicas, e que, nalguns casos<br />

eram activamente corroboradas por militantes seus.<br />

Aliás, o Partido Comunista responsabiliza precisamente os sectores mais<br />

abstencionistas, isto é e ainda que por motivos diferentes a direita oposicionista e os<br />

<strong>de</strong>lgadistas, <strong>de</strong> terem nalguns distritos incutido um espírito tão <strong>de</strong>smotivador que<br />

inviabilizou a apresentação <strong>de</strong> listas, como em Setúbal, Bragança, Vila Real ou Viana<br />

do Castelo 1054 .<br />

No entanto, no caso <strong>de</strong> Setúbal a situação não podia ser completamente assacada<br />

aos abstencionistas, consi<strong>de</strong>rando a influência do <strong>PCP</strong> em núcleos vitais da zona norte<br />

do distrito. Na realida<strong>de</strong>, os Comités Regionais da Margem Sul e do Alentejo Litoral<br />

não tiveram iniciativa e acabaram a reboque dos acontecimentos, que, no caso da<br />

península <strong>de</strong> Setúbal significou “que o organismo se <strong>de</strong>ixou ainda arrastar por<br />

posições direitistas, que se vê não estarem (…) vencidas” 1055 . Nas duas zonas ficaram à<br />

espera <strong>de</strong> saber pelos jornais se havia lista distrital ou não e como alguns elementos<br />

pensados <strong>de</strong>sistiram à última da hora, não havendo nem tendo sido prevista, por inépcia,<br />

qualquer solução <strong>de</strong> recurso, o resultado foi não apresentar pura e simplesmente<br />

candidatura.<br />

1053 Cf. Manuel Braga da Cruz, A oposição eleitoral ao salazarismo, in Revista <strong>de</strong> História das I<strong>de</strong>ias, 5, 1983, p.755<br />

1054 Cf. IAN/TT, TCL, 2º JC, P. 92/1962, 2º vol., apenso a fls 125, [sem título], mns, p. 1<br />

1055 I<strong>de</strong>m, 1º vol., apenso a fls 36, Tv, Sobre a luta eleitoral no sul, Dezembro <strong>de</strong> 1961, dact., p. 1<br />

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