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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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propaganda e organização e fiscalização do acto eleitoral e estabelecimento <strong>de</strong> um<br />

programa político mínimo que assentasse na <strong>de</strong>fesa das liberda<strong>de</strong>s, na recusa do envio<br />

<strong>de</strong> tropas expedicionárias para a <strong>guerra</strong> colonial e eleições livres para os Sindicatos<br />

Nacionais.<br />

No horizonte estava, explicitamente, a experiência da unida<strong>de</strong> no período 1943-<br />

49. Era aí que continuava a radicar para o Partido Comunista o veio mais fecundo da<br />

experiência <strong>de</strong> luta contra a ditadura <strong>de</strong> Salazar.<br />

No entanto, durante meses, até bem <strong>de</strong>pois da reunião do Comité Central <strong>de</strong><br />

Março <strong>de</strong> 1961, o tema das eleições <strong>de</strong>saparece das páginas do Avante!, o que não<br />

significava que as preocupações e esforços neste domínio não prosseguissem, mas tão<br />

gran<strong>de</strong> antecipação teria não só que ver com a importância conferida ao processo,<br />

crucial do ponto <strong>de</strong> vista da operacionalização táctica da linha do partido, mas,<br />

principalmente, porque se vinham registando nos meses anteriores, praticamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a eleições <strong>de</strong> Delgado, importantes movimentações nos sectores não comunistas da<br />

oposição, <strong>de</strong> que o <strong>PCP</strong> tinha conhecimento mas com as quais dificilmente se<br />

relacionava.<br />

À esquerda, o grupo da Resistência Republicana-Socialista e outros grupos,<br />

assim como a Maçonaria, impulsionam ainda em finais <strong>de</strong> 1959 criação das Juntas <strong>de</strong><br />

Acção Patrióticas, para o que, segundo Fernando Piteira Santos e Nikias Skapinakis, o<br />

<strong>PCP</strong> só virá a ser convidado mais tar<strong>de</strong> 1024 . Este grupo mantivera por outro lado,<br />

ligações ao Directório Democrato-Social, ao mesmo tempo que cultivara contactos com<br />

os remanescentes do sector político-militar <strong>de</strong>lgadista, que havia estado na preparação<br />

do golpe da Sé, em 1959 e continuava a conspirar.<br />

Neste contexto, o grupo <strong>de</strong> Manuel Sertório, Nikias Skapinakis e Rui Cabeçadas<br />

alargava-se com gente vinda da Seara <strong>Nova</strong>, da antiga Comissão Cívica Estudantil e do<br />

movimento cooperativista, evoluindo para uma organização socialista <strong>de</strong> esquerda que<br />

<strong>de</strong>signaram <strong>de</strong> “Acção Socialista”, <strong>de</strong> vida efémera, mas que testemunha uma certa<br />

ebulição nestes sectores oposicionistas, que queriam espaço <strong>de</strong> manobra sem a tutela do<br />

<strong>PCP</strong>. Segundo Sertório, a oposição estava <strong>de</strong>sorganizada e o Partido Comunista<br />

impotente no seu dogmatismo; tornava-se portanto necessário alimentar uma corrente<br />

socialista 1025 .<br />

Sob a sigla do MNI, a conspiração militar continuava a organizar-se,<br />

1024 Cf. Dawn Linda Raby, Resistência anti-fascista em Portugal 1941/74, <strong>Lisboa</strong>, Edições Salamandra, 1990, p. 226<br />

1025 Cf IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, PC 683/62 – 1ª Divisão, 8º vol., José Joaquim Hipólito dos Santos, Memória sobre activida<strong>de</strong>s, mns,<br />

s.d, apenso a fls [231-232]<br />

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