19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong> Medicina, um dos responsáveis pela organização estudantil local, único que<br />

conseguiria escapar <strong>de</strong>sse encontro em que foram surpreendidos 1175 .<br />

Os estudantes comunistas que viveram com intensida<strong>de</strong> este processo <strong>de</strong><br />

radicalização, tornar-se-iam particularmente sensíveis às gran<strong>de</strong>s questões que se iam<br />

colocando no interior do <strong>PCP</strong>, <strong>de</strong>signadamente quanto à questão da luta armada, do<br />

papel da questão colonial e da luta contra a <strong>guerra</strong> ou mesmo da política <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

alianças, questionando-se e questionando o partido.<br />

O ambiente e as estruturas estudantis haviam-se politizado, até por força da<br />

repressão, <strong>de</strong>scolando <strong>de</strong> uma concepção inicial muito circunscrita <strong>de</strong> corpo académico,<br />

incorporando novas áreas <strong>de</strong> reivindicação.<br />

Amadurecendo a um ritmo veloz face às experiências tão intensamente vividas,<br />

os jovens militantes comunistas foram por isso, num quadro ten<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> radicalização<br />

à esquerda, ce<strong>de</strong>ndo ou dissentindo do partido, mesmo que a longo prazo.<br />

O <strong>PCP</strong> não hegemonizou o movimento, esteve presente, partilhou, muito vezes<br />

<strong>de</strong> modo tenso, essa hegemonia com sectores mais ou menos orgânicos, a começar pelos<br />

católicos, mas também socialistas <strong>de</strong> esquerda, com quem manteve um <strong>de</strong>bate<br />

permanente, a quente. Reflectiu internamente tensões igualmente fortes num esforço <strong>de</strong><br />

compatibilização entre a acção das suas estruturas e a dos militantes que integravam as<br />

direcções associativas.<br />

No entanto, seria a força que mais viria a beneficiar organicamente com a crise<br />

académica, recrutando para as suas fileiras boa parte da vanguarda estudantil que se<br />

cal<strong>de</strong>ara nesses meses e estruturando uma vasta e intrincada re<strong>de</strong> <strong>de</strong> células, para on<strong>de</strong><br />

iam entrando mesmo estudantes liceais muito jovens, constituindo estes já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1961<br />

um sector orgânico distinto do sector universitário, tendo inclusivamente, a partir <strong>de</strong><br />

1962/63 um funcionário próprio.<br />

A querela em torno da suspensão ou da articulação da luta estudantil com as<br />

acções do 1º <strong>de</strong> Maio que o Partido Comunista afincadamente preparava reflecte <strong>de</strong><br />

algum modo o <strong>de</strong>bate que se travava. Não obstante a politização do movimento, a<br />

questão que se punha era se a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>veria ou não alinhar abertamente nas acções<br />

que se preparavam, <strong>de</strong>sguarnecendo assim objectivamente o flanco à propaganda do<br />

regime que vinha i<strong>de</strong>ntificando a luta estudantil com o <strong>PCP</strong> ou se, por outro lado, se<br />

<strong>de</strong>veria dar um sinal público claro <strong>de</strong> que se tratava <strong>de</strong> um movimento in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

1175 Cf. IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, P. 520/GT, Relatório duma fuga (relação com as prisões dos camaradas Lindolfo e Honrado), [68-<br />

72]<br />

463

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!