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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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CP – teriam ocorrido paralisações simbólicas, <strong>de</strong> um minuto <strong>de</strong> silêncio fosse nas<br />

secções junto às máquinas e bancadas fosse nos refeitórios ou então os trabalhadores<br />

apresentaram-se ao trabalho <strong>de</strong> gravata preta.<br />

No Porto, diz o Avante! que “em muitas tabernas ninguém jogou às cartas no<br />

dia 6” 1779 , <strong>de</strong> Março, quando se tomou conhecimento da sua morte. Em Marvila, na zona<br />

oriental <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, uma mulher teria juntado à sua porta um grupo <strong>de</strong> pessoas a quem<br />

falava <strong>de</strong> Estaline e da “gratidão que a humanida<strong>de</strong> lhe <strong>de</strong>ve” 1780 . Na cintura industrial -<br />

no Barreiro, Almada ou Seixal – ter-se-iam realizado homenagens à memória <strong>de</strong><br />

Staline. No jardim público do Barreiro, ainda segundo o órgão central do <strong>PCP</strong>, “um<br />

grupo <strong>de</strong> operários perfilou-se e fez um minuto <strong>de</strong> silêncio. Várias pessoas presentes<br />

compreen<strong>de</strong>ndo o significado <strong>de</strong>ssa homenagem associaram-se imediatamente a essa<br />

manifestação <strong>de</strong> pesar, perfilando-se também” 1781 .<br />

Mesmo nas prisões essas manifestações <strong>de</strong> pesar teriam ocorrido. Em Caxias ter-<br />

se-ia realizado um minuto <strong>de</strong> silêncio no refeitório, enquanto em Peniche alguns teriam<br />

usado braça<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> luto. No Aljube, Lino Lima refere o ambiente na sala 2A, on<strong>de</strong> se<br />

encontrava <strong>de</strong>tido um conjunto <strong>de</strong> dirigentes e militantes do <strong>PCP</strong>:<br />

“Veio o momento <strong>de</strong> sabermos da morte <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> dirigente comunista.<br />

Manuel Rodrigues da Silva chorou e eu também não consegui suster a minha comoção.<br />

O nome <strong>de</strong>le lembrava-nos os momentos mais dramáticos e grandiosos do nosso tempo<br />

e da nossa geração, alguns dos quais perdurarão na memória dos homens até à<br />

Eternida<strong>de</strong>” 1782 .<br />

Ainda que com natural exagero <strong>de</strong> alguns dos acontecimentos e factos narrados,<br />

Staline foi objecto <strong>de</strong> forte <strong>de</strong>voção na base do <strong>PCP</strong> e nos sectores e orlas que mais<br />

directamente influenciava. Este culto pren<strong>de</strong>-se com o seu proclamado papel quer na<br />

<strong>guerra</strong> contra os nazis quer nos anos iniciais <strong>de</strong> <strong>guerra</strong> <strong>fria</strong>, período que correspon<strong>de</strong> à<br />

reorganização e à consolidação do novo <strong>PCP</strong>.<br />

Segundo Fernando Mouga, “O nome <strong>de</strong> Stalin tinha sido engran<strong>de</strong>cido pela<br />

<strong>de</strong>cisiva vitória do exército soviético em cujas fileiras ombreavam combatentes <strong>de</strong><br />

várias raças e povos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Europa ao Exrtremo oriente, sobre a cruel e po<strong>de</strong>rosa<br />

máquina <strong>de</strong> <strong>guerra</strong> hitleriana. Stalin era um orgulhoso símbolo da luta pela liberda<strong>de</strong><br />

1779 i<strong>de</strong>m<br />

1780 i<strong>de</strong>m<br />

1781 i<strong>de</strong>m<br />

1782 José Ricardo [Lino Lima], Romanceiro do Povo Miúdo, <strong>Lisboa</strong>, Edições Avante!, 1991, p. 180<br />

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