19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Não obstante, a fuga <strong>de</strong> Vieira Lopes e Pestana Heineke integra-se numa<br />

operação bem mais vasta que contou com o apoio do Conselho Mundial das Igrejas e<br />

dos governos francês e americano, com cobertura e enquadramento directos da própria<br />

CIA 1138 .<br />

No caso <strong>de</strong> Neto e Cabral os níveis <strong>de</strong> apoio e os meios envolvidos por parte do<br />

<strong>PCP</strong> <strong>de</strong>monstram a importância estratégica da operação. Tratava-se <strong>de</strong> colocar no<br />

exterior e portanto em posição <strong>de</strong> participar directamente na li<strong>de</strong>rança quer do MPLA<br />

quer do PAIGC quadros dirigentes, cuja formação, experiência política e<br />

relacionamento internacional se tinham operado a partir das fileiras do <strong>PCP</strong>.<br />

Ao invés do que havia sido estabelecido pelo V Congresso do <strong>PCP</strong> quanto à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> Partidos Comunistas nas colónias, a tendência que se vai<br />

manifestando é outra, sem que se tenha reconhecido qualquer alteração a este nível.<br />

Orienta-se para a criação <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> carácter nacionalista e para o reforço da<br />

correspon<strong>de</strong>nte activida<strong>de</strong> dos comunistas <strong>de</strong> origem africana, ou colonos brancos, no<br />

que eram expressamente acompanhados por aqueles, que admitiam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

criação <strong>de</strong> partidos comunistas nos seus países, embora numa fase futura 1139 .<br />

Porém, no hábil rendilhado do discurso partidário o lugar interno da questão<br />

colonial e da luta contra a <strong>guerra</strong> ia sendo <strong>de</strong>limitado:<br />

“Por todo o lado se <strong>de</strong>ve intensificar a luta contra a <strong>guerra</strong> em<br />

Angola. É uma luta em <strong>de</strong>fesa da nossa juventu<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>fesa da riqueza<br />

nacional, em <strong>de</strong>fesa dos direitos mais sagrados do homem. Ao mesmo<br />

tempo é uma das mais importantes frentes <strong>de</strong> luta contra o regime<br />

salazarista, inimigo comum do povo angolano, dos outros povos das<br />

colónias portuguesas e do nosso povo.<br />

A política colonialista <strong>de</strong> Salazar está encaminhando Portugal para<br />

um <strong>de</strong>sastre nacional. Acabar com a <strong>guerra</strong> em Angola é um objectivo<br />

profundamente patriótico, é um imperativo nacional” 1140 .<br />

Por um lado, acompanhando o ritmo do movimento comunista internacional na<br />

valorização da luta anti-colonial como componente da gran<strong>de</strong> frente internacional<br />

encabeçada pelos soviéticos, mas, por outro, subordinando-a claramente aos objectivos<br />

da luta interna pelo <strong>de</strong>rrube do regime.<br />

1138 Cf. Dalila Cabrita Mateus, A luta…, pp 109-114<br />

1139 Cf. IAN/TT, TCL, 2º JC, P. 90/62, 6º vol., H., [sem título], 30 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1961, dact., p. 2…<br />

1140 Acabar com a <strong>guerra</strong> em Angola é um imperativo nacional, Avante!, VI série, 320, Agosto <strong>de</strong> 1962<br />

446

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!