19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ao 6º dia <strong>de</strong> greve, o comunicado dos organismos juvenis <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> do <strong>PCP</strong> é,<br />

pela sua especificida<strong>de</strong>, aquele que mais se entranha na própria luta estudantil,<br />

evi<strong>de</strong>nciando a intenção <strong>de</strong> dirigir-se aos estudantes a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do seu próprio<br />

movimento, ainda que sem se libertar da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a luta dos estudantes era uma<br />

componente da luta do povo português contra o fascismo.<br />

Se autonomia da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> e liberda<strong>de</strong> académica eram as duas gran<strong>de</strong>s<br />

consignas estudantis, a movimentação em curso <strong>de</strong>veria constituir um ponto <strong>de</strong> partida<br />

para a sua integração na luta mais geral pelo <strong>de</strong>rrube do regime.<br />

Por isso as células <strong>de</strong> estudantes do <strong>PCP</strong> <strong>de</strong>fendiam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

formas <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> a todos os que per<strong>de</strong>ram o ano em virtu<strong>de</strong> do luto académico,<br />

aos que se encontravam presos, assim como em relação aos professores que se<br />

colocaram do seu lado, mas insistiam na radicalização do movimento, isto é, na<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar a faltar às aulas como forma <strong>de</strong> prosseguir a luta.<br />

Era em torno <strong>de</strong>ste aspecto que os estudantes comunistas <strong>de</strong>limitavam as<br />

divergências verificadas na condução do processo:<br />

“Não queremos ocultar que no <strong>de</strong>curso da luta apareceram<br />

divergências. Que a certos momentos a direcção tenha sido hesitante e,<br />

fruto das múltiplas pressões e intimidações ou <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> confiança nas<br />

massas académicas, tenham existido recuos ou uma menos justa<br />

perspectiva por parte dos dirigentes associativos” 1166<br />

Reflectia-se aqui também uma posição exterior às próprias direcções<br />

associativas, ou seja, à própria condução do movimento, por isso <strong>de</strong>fendiam a realização<br />

<strong>de</strong> assembleias e plenários ampla e massivamente participados, o que era<br />

simultaneamente uma forma <strong>de</strong> dar força ao movimento e <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r directamente a<br />

instâncias <strong>de</strong>cisórias numa altura em que influenciar indirectamente se revelava<br />

insuficiente face ao caudal e ao ritmo com que os acontecimentos se sucediam.<br />

O controlo isolado dos militantes comunistas com funções <strong>de</strong> direcção<br />

associativa, criava mecanismos complicados e morosos <strong>de</strong> acompanhar com uma<br />

situação a fluir tão aceleradamente.<br />

Eurico <strong>de</strong> Figueiredo, controlado isoladamente era um <strong>de</strong>sses casos:<br />

“Eu, como militante do PC, funcionei sempre pela minha exclusiva<br />

cabeça. (…) era um radicalismo <strong>de</strong> propostas – proposta da greve, dos<br />

1166 TCL, 3º JC, P. 16827/62, 1º vol., Os organismos juvenis <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> do Partido Comunista Português, Aos Estudantes, apenso a<br />

fls 73<br />

457

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!