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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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camadas populares e <strong>de</strong> vastos extractos intermédios ou pelo agravamento da carga<br />

fiscal sobre o trabalho.<br />

Desta situação objectiva interna só se podia retirar que os vincados e <strong>de</strong>nsos<br />

contornos <strong>de</strong> crise “tem <strong>de</strong> gerar inevitavelmente um <strong>de</strong>scontentamento geral do povo<br />

contra o regime mesmo com toda a propaganda <strong>de</strong>magógica que ele faça para <strong>de</strong>sviar<br />

a atenção das massas <strong>de</strong>stes problemas” 442 , ainda que se reconhecesse a recuperação<br />

política empreendida pelo regime.<br />

Por outro lado admitiam-se as <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s da unida<strong>de</strong> antifascista, dada a<br />

situação do MUNAF e do MUD, ainda que a campanha eleitoral proporcionasse<br />

colmatar essa situação, aproveitando uma maior abertura consentida, para o que se<br />

tornava indispensável constituir “milhares <strong>de</strong> organismos verda<strong>de</strong>iramente<br />

<strong>de</strong>mocráticos, on<strong>de</strong> elas [as massas] farão ouvir a sua voz e adquirirão consciência dos<br />

seus direitos e força on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão por em acção toda a sua iniciativa criadora” 443 .<br />

À entrada da campanha eleitoral, o Comité Central do <strong>PCP</strong> consi<strong>de</strong>rava três<br />

tarefas políticas essenciais. Antes do mais, travar uma discussão em todo o partido <strong>de</strong><br />

modo a clarificar o entendimento e a orientação a imprimir; <strong>de</strong>pois, multiplicar a re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> comissões eleitorais como organismos políticos contra o salazarismo e, finalmente,<br />

“combater sem tréguas toda a tendência que procure <strong>de</strong>sviar o movimento anti-fascista<br />

da sua linha justa, proletária, revolucionária, isto é, combate sem tréguas a todos os<br />

arrivistas, conciliadores e traidores” 444 .<br />

As arbitrarieda<strong>de</strong>s, o garrote da censura, as intimidações, a repressão marcaram<br />

o quotidiano <strong>de</strong> uma campanha que <strong>de</strong>scolava e se iria <strong>de</strong>senvolver num ambiente <strong>de</strong><br />

contraciclo, com o regime arrogando capacida<strong>de</strong> para enfrentar este sobressalto<br />

oposicionista.<br />

Registaram-se, ainda assim, é certo, impoortantes sucessos <strong>de</strong> mobilização. Se já<br />

em Braga alguns milhares <strong>de</strong> pessoas marcaram presença no comício inicial, logo <strong>de</strong><br />

seguida, no Porto, no campo <strong>de</strong> futebol do Salgueiros, os serviços <strong>de</strong> candidatura do<br />

general estimam em quatro <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhar <strong>de</strong> participantes.<br />

Mas será o comício da Fonte da Moura, ainda no Porto, que constitui a maior<br />

<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> toda a campanha. A acção pensada, planeada e posta em prática<br />

praticamente só pelas forças do Partido Comunista e dos seus aliados mais directos, que<br />

442 António [Militão Ribeiro], A actual situação política portuguesa e as tarefas do Partido na hora presente. Informe à reunião<br />

do CC em Janeiro <strong>de</strong> 1949, dact., p. 9<br />

443 I<strong>de</strong>m, p. 14<br />

444 I<strong>de</strong>m, p. 22<br />

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