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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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O tempo era para ter confiança na Direcção e para enten<strong>de</strong>r a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

correcção do <strong>de</strong>svio sectário como condição indispensável à preparação <strong>de</strong> um novo<br />

surto <strong>de</strong> movimentações sociais e políticas que, entendiam, se aproximava.<br />

Em Abril <strong>de</strong> 1955, Júlio Fogaça redige um documento interno, cuja circulação se<br />

<strong>de</strong>veria ter circunscrito, no máximo, ao Comité Central.<br />

Aí, em 24 pontos, a propósito <strong>de</strong> um “Balanço da situação política nacional”,<br />

que dá título ao documento, se traçam, no essencial, os pontos <strong>de</strong> vista que virão a ser<br />

<strong>de</strong>senvolvidos e aceites pelo partido nos tempos que se vão seguir.<br />

Para o dirigente comunista, a base social e política do salazarismo era restrita – a<br />

gran<strong>de</strong> burguesia monopolista, o alto funcionalismo e a oficialagem superior. Toda a<br />

média e pequena burguesia se oporia à política <strong>de</strong> Salazar e à dominação imperialista.<br />

Se isso não era perfeitamente visível ainda, <strong>de</strong>via-se à falta <strong>de</strong> esclarecimento <strong>de</strong>sses<br />

sectores e à sua vulnerabilida<strong>de</strong> à propaganda anticomunista do regime, assim como ao<br />

pavor da acção dos trabalhadores e do <strong>PCP</strong>.<br />

Por outro lado, as correntes não comunistas da oposição estiolavam por falta <strong>de</strong><br />

perspectivas. Discordavam do essencial das propostas do partido, procuraram aproveitar<br />

as concessões proporcionadas pelo governo, particularmente nos processos eleitorais<br />

dos anos anteriores, mas isso não lhes havia permitido afirmarem-se politicamente.<br />

Fogaça reitera, por isso, as críticas <strong>de</strong> oportunismo, vazio orgânico, hesitação e<br />

isolamento das massas populares aos agrupamentos socialistas, republicanos e<br />

anarquistas.<br />

De qualquer modo, a consi<strong>de</strong>rada crise económica, a luta <strong>de</strong> interesses no seio<br />

do regime e a evolução <strong>de</strong> uma conjuntura <strong>de</strong> distensão internacional potenciavam a<br />

agudização das contradições internas no bloco salazarista e constituíam um factor<br />

susceptível <strong>de</strong> inverter a tendência <strong>de</strong>ssas camadas sociais intermédias quer pen<strong>de</strong>ndo<br />

para o apoio ao regime quer acreditando nas suas concessões.<br />

Porém, o próprio MND não correspondia a essas exigências. Nesse contexto, a<br />

apreciação que é feita <strong>de</strong>sse Movimento, a ser aceite, não podia significar outra coisa<br />

que a sua dissolução:<br />

“A posição do MND, como legítimo her<strong>de</strong>iro e continuador dos<br />

movimentos <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática não têm sido nestes últimos anos <strong>de</strong><br />

mol<strong>de</strong> a vencer as hesitações e a falta <strong>de</strong> perspectivas existentes nas várias<br />

camadas da pequena e média burguesia anti-fascista e anti-imperialista.<br />

Antes pelo contrário, avolumou essas hesitações, pois fez em relação a elas<br />

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