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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Porém, em meados <strong>de</strong> 1933, a publicação da legislação corporativa referente à<br />

constituição compulsiva <strong>de</strong> sindicatos nacionais, implicando a dissolução ou integração<br />

dos existentes, vem criar uma situação particularmente sensível no movimento sindical,<br />

o que reforça a premência dos apelos à constituição <strong>de</strong> uma Frente única a palavra <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>fendida pelos comunistas é a da Frente Única.<br />

Divulgado o projecto legal do governo, o <strong>PCP</strong> através da CIS apela à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

todos os sectores sindicais 162 , mas está longe, com estas iniciativas <strong>de</strong> conseguir vencer<br />

as fundas dissenções, particularmente com a CGT, que nem quer a frente única, como a<br />

CIS não qyer, <strong>de</strong> resto integrar-se na CGT, como sugeriam os sindicalistas<br />

revolucionários em resposta à proposta <strong>de</strong> frente única.<br />

Todavia, já em Setembro <strong>de</strong> 1933, quando os <strong>de</strong>cretos são efectivamente<br />

publicados, havia sido possível editar um comunicado conjunto da CIS, CGT, FAO <strong>de</strong><br />

<strong>Lisboa</strong> e do Comité dos Organismos Sindicais Autónomos, o que representava, mesmo<br />

que <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista estritamente formal, um avanço consi<strong>de</strong>rável no caminho da<br />

Frente Única, mas que se faz sob um palavreado radical, numa linguagem tão ao gosto<br />

da CGT :<br />

“Vamos para a luta. Desçamos à rua. Batamo-nos como leões. Os<br />

soldados e marinheiros são nossos irmãos <strong>de</strong> sofrimento. Esclareçamos-lhe<br />

o cérebro, <strong>de</strong>monstremos-lhe que nos batemos por nós e por eles, <strong>de</strong> eles se<br />

unirão à nossa causa; arrasta-los-emos para o nosso lado, converte-los-<br />

emos da sua e da nossa libertação. Respondamos ao assalto das nossas<br />

organizações com a greve geral, levantemos barricadas nas ruas e nas<br />

praças públicas; armemo-nos; somos a maioria; somos a imensa<br />

maioria” 163 .<br />

A subscrição <strong>de</strong>ste discurso por parte da CIS é seguramente mais do que o preço<br />

pago pelo sector sindical do <strong>PCP</strong>, por qualquer coisa que se aparentasse com a Frente<br />

Única. Trata-se da ultrapassagem da versão gradualista, legal, pacífica no processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da greve, operada sob a direcção pessoal <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Sousa, secretário<br />

sindical do <strong>PCP</strong>, responsável da CIS e ainda dirigente da Fe<strong>de</strong>ração dos Transportes,<br />

que, por essa via, se assumia ainda como representante dos sindicatos autónomos, o que,<br />

162<br />

Carta-circular da Comissão Inter-Sindical (CIS), in L.H.Afonso Manra (Introdução, notas e selecção <strong>de</strong>) O 18 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong><br />

1934, Assirio &Alvim, <strong>Lisboa</strong>, 1975, p. 51<br />

163<br />

Trabalhadores <strong>de</strong> Portugal! Operários anarquistas, comunistas, sindicalistas e sem partido. Trabalhadores empregados e<br />

<strong>de</strong>sempregados: homens e mulheres e jovens explorados do campo e da cida<strong>de</strong>, in Alberto Vilaça, Para a história remota do<br />

<strong>PCP</strong> em Coimbra 1921-1946, Edições Avante!, <strong>Lisboa</strong>, 1997, p. 138<br />

69

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