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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Vicente], mas mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir” 849 . De um modo geral, nas diferentes localida<strong>de</strong>s e<br />

sectores don<strong>de</strong> chegam informações, o tom geral é <strong>de</strong> divisão, <strong>de</strong> confusão e <strong>de</strong> muita<br />

instabilida<strong>de</strong>.<br />

Correm informações <strong>de</strong>sencontradas sobre um golpe militar em preparação e<br />

sobre a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> oficiais do exército e <strong>de</strong> legionários à candidatura do general,<br />

chegando a participar na distribuição <strong>de</strong> propaganda.<br />

Júlio Fogaça reconhece a estreita base <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> Arlindo, mas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> ainda a<br />

continuação e, ao mesmo tempo, também o apoio, inclusivamente público, às acções da<br />

candidatura <strong>de</strong> Delgado.<br />

Há a noção <strong>de</strong> que se está a viver um momento <strong>de</strong> crise acelerada do regime e<br />

que pela primeira vez em muitos anos se está em condições <strong>de</strong> forçar a sua queda.<br />

Joaquim Gomes, claramente tocado pela grandiosida<strong>de</strong> das acções no Porto<br />

afirma que se a orientação do partido não for pelo menos para haver acções conjuntas,<br />

no norte a <strong>de</strong>bandada das comissões <strong>de</strong> Arlindo para o lado do general será geral,<br />

acrescentando mesmo que “Dificilmente haverá alguém no P[artido] q[eu] não sinta<br />

que a saída é o HD embora se compreenda q[ue] a candidatura do AV é necessária<br />

para empurrar” 850 .<br />

Reconhece ainda que a combativida<strong>de</strong> popular é tanta que seria indiferente o<br />

partido ter ou não apelado à vinda para a rua no Porto, porque o povo viria na mesm.<br />

Como afirma, “As massas estão a indicar-nos o caminho” e, por isso, não compreen<strong>de</strong><br />

porque é que o Secretariado estando reunido quando Delgado regressa por Santa<br />

Apolónia, não houve apelo à presença aí por parte do partido, concluindo:<br />

“Não estamos a viver os acontecimentos. Chegou a altura <strong>de</strong> ir para a rua.<br />

- Se há putsch procurarmos saber o que existe a este respeito e não<br />

hesitemos em apoiá-lo” 851 .<br />

Numa nova intervenção, Júlio Fogaça irá mais longe ao dizer que pensa naquele<br />

momento que foi um erro o apoio a Cunha leal, não tanto pelo procedimento táctico que<br />

implicava, mas pela atitu<strong>de</strong> que tomara e pela situação em que <strong>de</strong>ixou o partido, que<br />

consi<strong>de</strong>ra ser <strong>de</strong> maior isolamento do que em 1951 à volta <strong>de</strong> Ruy Luís Gomes.<br />

Enten<strong>de</strong> que o partido <strong>de</strong>ve apoiar abertamente as acções <strong>de</strong> Delgado e<br />

manifestar solidarieda<strong>de</strong> perante os ataques do regime, mas discorda que as comissões<br />

<strong>de</strong> Arlindo se diluam nas <strong>de</strong> Delgado, o que originaria uma confusão ainda maior.<br />

849 I<strong>de</strong>m, [3]<br />

850 CP. Discussão. 18/5, [2], i<strong>de</strong>m, apenso a fls 203<br />

851 I<strong>de</strong>m, [3]<br />

331

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