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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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numa direcção nacional <strong>de</strong> luta. Por sua vez, Lopes Cardoso lembrava que o reforço da<br />

organização <strong>de</strong>pendia da clareza dos objectivos políticos enquanto Tito <strong>de</strong> Morais<br />

sublinhava a importância <strong>de</strong> um programa mínimo para um futuro governo <strong>de</strong>mocrático.<br />

Em relação à questão colonial, Cunhal reconhece o chauvinismo entranhado que<br />

dificultava uma consciência anti-imperialista <strong>de</strong> massas e advertia contra o seguidismo<br />

em relação aos nacionalistas das colónias portuguesas. Entendia que os movimentos <strong>de</strong><br />

libertação não queriam efectivamente negociar com a oposição portuguesa, mas apenas<br />

dizer que o pretendiam como forma <strong>de</strong> pressionar o governo a negociar com eles. Em<br />

sua opinião a questão fundamental era o <strong>de</strong>rrube do regime em Portugal.<br />

Porém, para Manuel Sertório era insuficiente dizer apenas que se reconhecia o<br />

direito à auto-<strong>de</strong>terminação das colónias, sem que isso implicasse acções <strong>de</strong><br />

solidarieda<strong>de</strong> concretas, bem como contactos com os movimentos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntistas 1212 .<br />

On<strong>de</strong> a polémica se acendia mais era, no entanto, a propósito das as questões <strong>de</strong><br />

organização, não tanto pelo mo<strong>de</strong>lo orgânico como, principalmente, pelo controleirismo<br />

do <strong>PCP</strong>.<br />

Principalmente dirigindo-se a Piteira Santos, Cunhal refere não estar interessado<br />

na discussão sobre as críticas ao <strong>PCP</strong>, mas sempre vai dizendo que não controla os<br />

organismos <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> on<strong>de</strong>, na maior parte dos casos, só tem um ou dois militantes;<br />

que a Rádio Portugal Livre é efectivamente do partido, mas está disposto a conce<strong>de</strong>r um<br />

tempo <strong>de</strong> emissão aos movimentos unitários; que atribui gran<strong>de</strong> importância à<br />

organização militar ou que aprecia positivamente a acção das Juntas <strong>de</strong> Acção Patriótica<br />

no interior do país 1213 .<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista organizativo, a Conferência <strong>de</strong>bate a criação <strong>de</strong> um organismo<br />

a instalar no exterior, que, segundo Cunhal <strong>de</strong>veria ter apenas funções consultivas, o<br />

que significava esvaziá-lo <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> operativa, subordinando-o à Junta Central que<br />

<strong>de</strong>veria estar no interior.<br />

Sertório e Piteira Santos discordam abertamente <strong>de</strong>sse carácter consultivo,<br />

sustentando que <strong>de</strong>veria ser um Secretariado com funções <strong>de</strong> direcção política,<br />

executivas, dotado <strong>de</strong> imprensa e rádio própria, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção a nível<br />

diplomático, embora admitissem uma forte articulação com o interior, on<strong>de</strong><br />

reconheciam centrar-se o fundamental da luta contra o regime; mas que, ao mesmo<br />

1212 I<strong>de</strong>m, pp 4-5<br />

1213 I<strong>de</strong>m, p. 7<br />

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