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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Reconhece que também ele subestimou o problema, em virtu<strong>de</strong> da sua<br />

<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> política e pelo facto <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar embrenhado no praticismo, que o leva<br />

perante a complexida<strong>de</strong> das situações, dos problemas ou das propostas que são<br />

levantados nos organismos que controla, a reagir com agressivida<strong>de</strong> e dureza. Na<br />

extensa sucessão <strong>de</strong> exemplos que apresenta, sobressaem, invariavelmente, atitu<strong>de</strong>s<br />

sobranceiras e arrogantes, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezo pelos militantes, pelas suas i<strong>de</strong>ias e muitas vezes<br />

pela sua própria acção.<br />

Numa <strong>de</strong>ssas situações, num organismo, um militante <strong>de</strong> origem intelectual<br />

propôs que o Partido fizesse um dicionário <strong>de</strong> filosofia, para o qual ele e outros<br />

militantes estavam dispostos a colaborar. Perante isso, como refere, “a minha ajuda foi<br />

a seguinte, que a filosofia presente era a ligação com os camponeses e lutar pela<br />

libertação da CC do MND” 623 .<br />

É a pensar nesta campanha contra o sectarismo que O Militante é reformulado.<br />

Amplia-se o leque <strong>de</strong> colaborações ao nível dos membros do Comité Central e dos<br />

principais quadros políticos, procurando-se chamar a atenção para a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que, assim,<br />

se estava a elevar o nível do boletim no sentido justamente da liquidação do sectarismo,<br />

da aplicação da linha política e do estabelecimento <strong>de</strong> novas perspectivas e novos rumos<br />

para a activida<strong>de</strong> partidária 624 .<br />

O documento <strong>de</strong> Júlio Fogaça <strong>de</strong>ra aliás origem a um longo artigo aí publicado,<br />

mas num tom mais pedagógico, muito menos violento nas palavras em relação à<br />

situação interna que se vivia.<br />

O sectarismo passava a ser apresentado como uma manifestação nociva e<br />

tentacular que se manifestava em todo o partido e em todas as frentes <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>,<br />

quer fosse no trabalho ilegal, nas células <strong>de</strong> empresa, por exemplo, como no trabalho<br />

legal, fosse nas Casas do Povo, nos Sindicatos Nacionais, nas colectivida<strong>de</strong>s ou nas<br />

organizações unitárias.<br />

No entanto, em relação a estas, o mais longe que se ia era no reconhecimento <strong>de</strong><br />

que “A posição dos comunistas prejudicou e emperrou, por vezes, os movimentos <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido à acção sectária dos elementos do partido que nesses movimentos<br />

foram dogmáticos e pouco maleáveis, não sabendo ouvir nem acatar outras opiniões,<br />

chamando a si as tarefas <strong>de</strong> maior responsabilida<strong>de</strong>, revelando claramente falta <strong>de</strong><br />

confiança nas outras pessoas, transformando-se em verda<strong>de</strong>iros ‘homens-orquestra’<br />

623 I<strong>de</strong>m, p. 2<br />

624 Editorial, in O Militante, III série, 81, Maio <strong>de</strong> 1955<br />

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