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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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nenhuma organização”. E tínhamos uma vida activa, organizada em termos regionais<br />

(...). Mas eles é que não sabiam <strong>de</strong> nada” 233 .<br />

Em torno da organização <strong>de</strong> Beja, por exemplo, travou-se uma disputa<br />

particularmente renhida no Verão <strong>de</strong> 1941, pois chegou a verificar-se “a vinda a Beja<br />

do “Rodrigues”, do Comité Central, com quem o Regional <strong>de</strong> Beja estava em ligação,<br />

bem como a vinda dum outro indivíduo que se dizia também enviado do Comité<br />

Central, criado ultimamente, pessoa que, como o Rodrigues, procurou no mesmo dia<br />

os elementos do Regional. O Rodrigues quando falou (...) com os camaradas do<br />

Regional, acusou o outro <strong>de</strong>legado, bem como o outro Partido, <strong>de</strong> provocadores<br />

trotskistas, dizendo que o Regional <strong>de</strong>via continuar ligado a ele e que não o <strong>de</strong>viam<br />

abandonar...” 234<br />

Porém, o <strong>de</strong>legado dos “reorganizadores”, Pedro Soares 235 , natural da região,<br />

alargara os seus contactos à base do Partido e pretendia com a a<strong>de</strong>são da célula local <strong>de</strong><br />

Beja criar um novo Comité Regional <strong>de</strong> um “novo Partido Comunista Português” 236 ,<br />

como era <strong>de</strong>signado pelos próprios militantes, embora no meio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

pois os militantes <strong>de</strong>ssa célula não dispunham <strong>de</strong> contactos com a restante organização<br />

regional do velho partido.<br />

Para ultrapassar essa situação Soares incita-os a propor a fusão dos dois<br />

organismos regionais, apanhando assim as ligações às organizações do Baixo Alentejo,<br />

do conhecimento dos que haviam ficado com o velho partido; mas sem sucesso, pois<br />

alguns dos elementos que inicialmente haviam concordado com a fusão, acabariam por<br />

se recusar a fornecer as <strong>de</strong>sejadas ligações na região 237 .<br />

Espaçados os contactos, entregues a si próprios por largos períodos <strong>de</strong> tempo,<br />

a<strong>de</strong>nsava-se naturalmente a confusão entre os militantes, motivando até <strong>de</strong>slocações a<br />

<strong>Lisboa</strong> para procurar esclarecer a situação, do que resultava a completa paralisação da<br />

activida<strong>de</strong> partidária.<br />

Quanto ás relações com as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espionagem particularmente inglesas e no<br />

caso da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espionagem anglo-portuguesa que funcionou entre 1940 e 1942 238 , havia<br />

ramificações e conexões no Alentejo com vários sectores oposicionistas, incluindo<br />

233<br />

António Dias Lourenço (entrevistado por Isabel Araújo Branco e Gustavo Carneiro), A reorganização transformou o <strong>PCP</strong><br />

num partido nacional, in Avante!, VII Série, 1423, <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2001<br />

234<br />

IAN/TT, PIDE-DGS, PC 469/42, 2ª parte, Auto <strong>de</strong> Perguntas a António Teodoro da Silva Salvador, em 5.3.42, fls 21 v.<br />

235<br />

Cf I<strong>de</strong>m, Auto <strong>de</strong> Perguntas a José d’Oliveira Soares, em 25.3.42, fls 71 e 71v<br />

236<br />

I<strong>de</strong>m,Auto <strong>de</strong> Perguntas a António Teodoro da Silva Salvador, em 5.3.42, fls 22<br />

237<br />

Cf I<strong>de</strong>m, Continuação do Auto <strong>de</strong> Perguntas a José Bernardo Marujo, em 25.3.42, fls 78 v.-79<br />

238<br />

Cf Júlia Leitão <strong>de</strong> Barros, O caso Shell: a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espionagem anglo-portuguesa (1940-1942), in História, [1ª série], 147,<br />

Dezembro <strong>de</strong> 1991, pp 54-83<br />

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