19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

política consistente, baseada na crítica radical do “<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita”, o que equivalia a<br />

remeter o cunhalismo para uma posição “<strong>de</strong> centro”.<br />

Esta conflituosida<strong>de</strong> interna, que as condições <strong>de</strong> clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>, e o próprio<br />

espectro da compartimentação e do centralismo <strong>de</strong>mocrático, tolheram em amplitu<strong>de</strong> e<br />

profundida<strong>de</strong>, prefiguraram diferentes modos <strong>de</strong> interpretar a realida<strong>de</strong>, que a<br />

catalogação para efeitos <strong>de</strong> eficácia instrumental foi arrumando duradouramente como<br />

“<strong>de</strong> direita”, “<strong>de</strong> centro”, “<strong>de</strong> esquerda” ou “esquerdista”, conforme o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong><br />

cada uma ou <strong>de</strong> quem se lhes opunha.<br />

Mas, esta realida<strong>de</strong> permite ainda perceber que, apesar do centralismo<br />

<strong>de</strong>mocrático e da feroz repressão <strong>de</strong> que o partido era alvo, apesar <strong>de</strong> se discutir pouca<br />

política e ainda menos i<strong>de</strong>ologia, o <strong>PCP</strong> não foi propriamente uma entida<strong>de</strong> monolítica,<br />

completamente <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> divergências ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate interno, <strong>de</strong> tendências ou<br />

correntes que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da <strong>de</strong>signação que lhe possamos atribuir, foram <strong>de</strong><br />

longo curso e, manifestando-se mais cedo ou mais tar<strong>de</strong>, não <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> algum modo<br />

<strong>de</strong> reflectir diferentes heranças ou diferentes veios convergindo no partido e aí<br />

conflituando.<br />

3.<br />

Depois da “reorganização” e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da linha política prevalecente,<br />

o <strong>PCP</strong> sempre <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u o preceito <strong>de</strong> trabalhar on<strong>de</strong> estavam as massas. Era uma regra<br />

fundamental, no caso, directamente <strong>de</strong>terminada pela política <strong>de</strong> Frente Popular em<br />

países sob dominação fascista.<br />

Neste sentido, combatendo a criação <strong>de</strong> sindicatos ilegais, e ao contrário do que<br />

acontecera nos anos 30, o Partido Comunista <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a infiltração nos organismos<br />

corporativos <strong>de</strong>stinados ao enquadramento dos trabalhadores tidos como organismos <strong>de</strong><br />

massas do regime, ainda que esse carácter lhes adviesse fundamentalmente da inscrição<br />

obrigatória dos sectores laborais a que se <strong>de</strong>stinavam. No entanto, o interesse real dos<br />

militantes por esses organismos foi bastante diferente.<br />

Em relação aos Sindicatos Nacionais, houve períodos em que foi possível<br />

infiltrar algumas das respectivas Direcções. A activida<strong>de</strong> aí pautou-se<br />

fundamentalmente pelo encaminhamento das reivindicações vindas das fábricas e<br />

empresas através <strong>de</strong> abaixo-assinados, petições, ca<strong>de</strong>rnos reivindicativos entregues por<br />

vezes em concentrações junto dos SN, <strong>de</strong> modo a que os quadros comunistas nos corpos<br />

793

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!