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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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movimento comunista internacional que em nome da vigilância revolucionária se<br />

traduzem em múltiplas <strong>de</strong>purações.<br />

Gilberto <strong>de</strong> Oliveira é envolvido nesse torvelinho. Numa amálgama <strong>de</strong><br />

acusações sobre posições que vinha sustentando quer a propósito do trabalho juvenil<br />

quer pelo facto <strong>de</strong> se ter recusado a assumir a condição <strong>de</strong> membro efectivo do Comité<br />

Central, acabará por ser <strong>de</strong>stituído do CC, expulso do quadro <strong>de</strong> funcionários e do<br />

próprio Partido em 1952, sendo inclusivamente publicado um longo documento<br />

intitulado “As duas caras <strong>de</strong> um provocador” 1426 , on<strong>de</strong> se pretendia justificar a sua<br />

expulsão e que, objectivamente, representava a sua <strong>de</strong>núncia à polícia.<br />

Já antes, em Maio <strong>de</strong> 1951, ocorrera o caso mais grave, com a eliminação física<br />

<strong>de</strong> Manuel Domingues, que fora do Bureau Político do Comité Central e responsável<br />

pelo aparelho <strong>de</strong> imprensa. Num percurso em que se misturavam questões <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

partidária, com suspeições sobre as suas responsabilida<strong>de</strong>s nas causas do assalto da<br />

PIDE a uma tipografia clan<strong>de</strong>stina ou com posições políticas que teria tomado nas<br />

eleições presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 1951, Domingues fora <strong>de</strong>stituído do CC em 1949 e, em queda,<br />

passara ao Comité Local <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> para ser, finalmente, <strong>de</strong>sfuncionalizado e afastado<br />

do Partido, ao mesmo tempo que se a<strong>de</strong>nsavam as insinuações e insídias, sobre o<br />

carácter provocatório do seu comportamento.<br />

Um folheto do Secretariado do Comité Central, editado em Dezembro <strong>de</strong> 1952,<br />

portanto posterior ao seu assassinato, <strong>de</strong>dica várias páginas a Manuel Domingues ao<br />

fazer o que <strong>de</strong>signa <strong>de</strong> “breve história <strong>de</strong> alguns casos <strong>de</strong> provocação no <strong>PCP</strong>” 1427 .<br />

Segundo este documento, citando O Militante nº 68, <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong>sse ano, “O CC tem<br />

hoje razões po<strong>de</strong>rosas para afirmar que as prisões dos camaradas Álvaro Cunhal,<br />

Militão Ribeiro, José Moreira e o assalto à tipografia <strong>de</strong> Coimbrões se <strong>de</strong>vem á acção<br />

do espião Manuel Domingues, não sendo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar que a prisão dos camaradas<br />

Almeida e Colélia se <strong>de</strong>ve também á acção <strong>de</strong>ste traidor e espião” 1428 .<br />

A sua biografia política teria ainda funcionado como adjuvante e catalisador em<br />

todo este trágico processo, pois o seu percurso associado à fuga <strong>de</strong> Francisco Paula <strong>de</strong><br />

Oliveira e à suspensão do <strong>PCP</strong> da Internacional Comunista em 1938, por um lado e, por<br />

1426 Cf. <strong>PCP</strong>, As duas caras <strong>de</strong> um provocador, Novembro <strong>de</strong> 1952<br />

1427 Cf. Lutemos contra os espiões e provocadores, segundo o original <strong>de</strong> Eduções “Avante” – Dezembro 1952, [<strong>Lisboa</strong>], Edições<br />

A Verda<strong>de</strong>, 1975, pp 19-28<br />

1428 I<strong>de</strong>m, cit. p. 32<br />

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