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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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No período passado na instalação, o funcionário <strong>de</strong>via <strong>de</strong>dicar-se a sistematizar<br />

os resultados do controlo exercido nos organismos que lhe estavam atribuídos e na<br />

elaboração <strong>de</strong> relatórios para os organismos superiores; na preparação, se isso se<br />

justificasse, <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> agitação; na leitura dos documentos editados pelo partido,<br />

em particular a imprensa ou obras <strong>de</strong> carácter político e doutrinário.<br />

Já uma circular do Secretariado do Comité Central <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1952<br />

estipulava as horas mínimas <strong>de</strong> estudo para os funcionários – seis horas para os<br />

membros efectivos do CC, quatro para os suplentes e 3 para os restantes funcionários.<br />

Os membros da Direcção, efectivos ou suplentes, ficavam ainda obrigados “a<br />

registarem em fichas, notas sobre o que estudou” 1491 , o que mostra bem o modo formal<br />

e burocratizado como estas questões acabavam por ser encaradas.<br />

O equilíbrio entre os períodos <strong>de</strong> permanência na instalação e <strong>de</strong> movimentação<br />

no exterior, colocava-se como um indicador do nível <strong>de</strong> segurança da própria casa, já<br />

que as <strong>de</strong>slocações aos sectores e a outro tipo <strong>de</strong> reuniões <strong>de</strong>viam ser restringidas ao<br />

mínimo essencial. Frequentemente o Secretariado, a quem cabia verificar a segurança e<br />

as principais tendências <strong>de</strong> comportamento que <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> vista se manifestavam,<br />

alertava contra as movimentações excessivas, chegando mesmo a fixar em <strong>de</strong>terminada<br />

altura um limite máximo mensal <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocações.<br />

A movimentação tinha, por sua vez, <strong>de</strong> respeitar um rigoroso conjunto <strong>de</strong> regras<br />

<strong>de</strong>stinado a <strong>de</strong>spistar quer uma eventual vigilância policial <strong>de</strong> rua quer a concentração<br />

<strong>de</strong> encontros <strong>de</strong> vários funcionários numa mesma área. Assim, em particular nas<br />

cida<strong>de</strong>s, cada funcionário dispunha <strong>de</strong> uma área para marcar encontros com os<br />

militantes que controlava, pelo que, <strong>de</strong> modo algum, <strong>de</strong>veria marcá-los fora <strong>de</strong>sse<br />

perímetro. Do mesmo modo, o percurso entre a instalação e os locais usados para<br />

encontros <strong>de</strong> rua <strong>de</strong>via ser estabelecido, consi<strong>de</strong>rando etapas, cortes e recorrendo<br />

preferencialmente a táxis.<br />

Segundo José Morais, “o primeiro táxi que tomava <strong>de</strong>ixava-me numa rua, muito<br />

longe do meu <strong>de</strong>stino real, e eu fazia <strong>de</strong> conta que tocava numa campainha <strong>de</strong> porta ou<br />

entrava mesmo num prédio, até encontrar outro táxi, <strong>de</strong> preferência ao virar da<br />

esquina e – mais seguro – se <strong>de</strong>le saía justamente algum passageiro” 1492 .<br />

1491 TCL, 4º JC, Processo 59/61 44685], O Secretariado do CC, Circular do Secretariado nº 26, Outubro <strong>de</strong> 1952, dact., p. 5<br />

1492 Ama<strong>de</strong>u Lopes Sabino et allia , À espera <strong>de</strong> Godinho… p. 24<br />

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