19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

No que se refere à Margem Sul, as organizações da CUF e da CP no Barreiro<br />

resistiam, mas em Almada ou no Seixal, sem Comités Locais, ou em Setúbal, com um<br />

CL sem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorganizar-se entre conserveiros e pescadores, a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> no<br />

trabalho operário era gran<strong>de</strong>. Empresas emblemáticas, como a Parry & Son e o Arsenal,<br />

cujo Comité tinha perto <strong>de</strong> 60 militantes, haviam sido ligados a <strong>Lisboa</strong>,<br />

No Alentejo e no Algarve continuavam a pesar os efeitos das vagas repressivas<br />

dos anos anteriores. Nas principais cida<strong>de</strong>s alentejanas, Beja, Évora e Portalegre, não<br />

havia ao tempo nem CL nem trabalho organizado, como aliás em localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forte<br />

tradição, como Montemor-o-Novo, on<strong>de</strong> subsistia ainda assim um organismo <strong>de</strong><br />

controlo do trabalho camponês que permitiam dinamizar a acção em localida<strong>de</strong>s com<br />

organizações outrora fortes, como S. Cristóvão, Torre da Gadanha ou Santiago do<br />

Escoural.<br />

Só no Baixo Alentejo, principalmente na Margem Esquerda do Guadiana, a<br />

situação era um pouco melhor, mantendo-se em activida<strong>de</strong> Comités Locais em Pias e<br />

Vale <strong>de</strong> Vargo e <strong>de</strong>stacando-se a forte influência e estruturação orgânica nas minas <strong>de</strong><br />

Aljustrel e S. Domingos. Mas al<strong>de</strong>ias e vilas importantes como Moura, Serpa, Cuba,<br />

Vidigueira ou Ferreira do Alentejo continuavam <strong>de</strong>sligados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as prisões dos<br />

funcionários que controlavam o sector.<br />

Já no Algarve as tentativas <strong>de</strong> reorganização, com base nos CL que se<br />

conseguiram aguentar, como Faro, Olhão e Silves eram lentas e emperradas, com<br />

muitas resistências pelo meio por parte dos militantes que aceitavam manter-se activos,<br />

mas que receavam ao mesmo tempo novas investidas repressivas.<br />

No essencial, assistia-se a um recuo geral e acentuado do partido, por efeito da<br />

acção repressiva, mas também por alteração da própria conjuntura, com o encerramento<br />

do ciclo grevista da <strong>guerra</strong> e com a entrada do movimento social numa fase <strong>de</strong> refluxo<br />

prolongada, que a própria situação internacional <strong>de</strong> <strong>guerra</strong> <strong>fria</strong> agravou.<br />

Muitos organismos e sectores locais foram extensivamente <strong>de</strong>smantelados, com<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> prisões, originando prolongados e complexos processos <strong>de</strong> recomposição<br />

que, muitas vezes, se arrastaram por anos. Na melhor das hipóteses as ligações perdiam<br />

o carácter organizado e tornavam-se isolados. A distribuição da imprensa contraiu-se,<br />

embora sem nunca ter sido interrompida, o que permitiu, mesmo que com gran<strong>de</strong>s<br />

limitações, a voz do partido aparecesse com a regularida<strong>de</strong> possível e que a sua<br />

influência em meio operário e popular se mantivesse, mesmo difusa.<br />

778

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!