19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

As greves <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1943, contrariamente às anteriores, vão ser organizadas e<br />

dirigidas pelo <strong>PCP</strong>, não lhe conferindo, contudo, o carácter <strong>de</strong> greve geral. Isto porque,<br />

segundo a Direcção do partido, nem o estádio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da organização<br />

partidária a nível nacional, nem o grau <strong>de</strong> consciência revolucionária das massas<br />

trabalhadoras, o permitiam.<br />

Em finais <strong>de</strong> Julho, o Secretariado do Comité Central consi<strong>de</strong>ra reunidas as<br />

condições para avançar em <strong>Lisboa</strong>, Almada, Barreiro e Ribatejo e proclama que "Para<br />

se oporem à força brutal com que o fascismo obriga os trabalhadores à fome e à<br />

miséria, só resta aos trabalhadores respon<strong>de</strong>r com a força das massas. Há que<br />

recorrer a formas superiores <strong>de</strong> luta. Há que suspen<strong>de</strong>r o trabalho! Há que ir para a<br />

greve! Há que fazer marchas <strong>de</strong> fome! Há que assaltar todos os locais on<strong>de</strong> os géneros<br />

estejam açambarcados! Há que ir buscar os géneros on<strong>de</strong> os houver!" 262 .<br />

É criado um Comité <strong>de</strong> Greve para a condução do movimento, articulando<br />

operativamente a direcção partidária com o Comité Regional e as células <strong>de</strong> base, ao<br />

mesmo tempo que se constituíam Comités <strong>de</strong> Greve on<strong>de</strong> fosse possível. Paralelamente,<br />

montava-se um aparelho <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> propaganda.<br />

A 26 <strong>de</strong> Julho eclo<strong>de</strong>m as primeiras greves, nos corticeiros <strong>de</strong> Almada. Quando<br />

a GNR intervém para expulsar os operários das fábricas e encerrá-las são já 3500 em<br />

greve. No dia seguinte, a combustão alastra: A CUF do Barreiro, a Parry & Son, a<br />

Mun<strong>de</strong>t, na Amora, entram em greve. Na frente ribeirinha <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> acompanham-nas<br />

os estaleiros navais da CUF, as oficinas da CNN, os estivadores, a Fábrica Sol, a<br />

Dargent. Seriam então bem mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil.<br />

É publicado neste dia um segundo manifesto do Partido Comunista para reforçar<br />

a combativida<strong>de</strong> dos sectores que vinham a<strong>de</strong>rindo e procurar ampliá-los:<br />

“Um recuo ou <strong>de</strong>sistência, colocariam as massas trabalhadoras à mercê<br />

do patronato, representaria para o futuro uma exploração redobrada e o<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> um terror permanente sobre as massas trabalhadoras.<br />

A Unida<strong>de</strong> e a Luta são as condições da vitória. É necessário continuar a<br />

alastrar o movimento” 263<br />

A 28 <strong>de</strong>sse mês <strong>de</strong> Julho, o <strong>PCP</strong> fala já em 50 mil operários em greve.<br />

O movimento salta para as ruas, multiplica-se em marchas da fome, incorpora<br />

largo número <strong>de</strong> mulheres, hasteia ban<strong>de</strong>iras negras, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia acções temerárias<br />

262 I<strong>de</strong>m, cit. [22]<br />

263 I<strong>de</strong>m, cit. [23]<br />

99

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!