19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

prolongam-se ainda até ao dia 30, ainda que condicionados pelos acontecimentos 115 . É<br />

aprovada uma moção i<strong>de</strong>ntificando-o como um movimento fascista e mandatando<br />

<strong>de</strong>legados presentes para <strong>de</strong> imediato contactarem a CGT e a Esquerda Democrática<br />

com o intuito <strong>de</strong> propor a organização da resposta ao golpe. As respostas são pautadas<br />

pela hesitação e pela indiferença, especialmente por parte da CGT, entrincheirada numa<br />

atávica oposição a qualquer aliança com partidos políticos 116 . Quanto à Esquerda<br />

Democrática opta por apoiar o golpe.<br />

Quando a CGT <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> proclamar a greve geral, a 1 <strong>de</strong> Junho, conclamando às<br />

armas o povo <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> e quando a Câmara Sindical <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> aceitar uma<br />

frente única contra o movimento, já é tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais, os militares já controlavam a<br />

situação. O <strong>PCP</strong>, suficientemente fraco para esboçar qualquer reacção autónoma,<br />

encerrará assim o congresso a 30 <strong>de</strong> Maio, com a dispersão amarga dos <strong>de</strong>legados pelas<br />

suas localida<strong>de</strong>s.<br />

Não tardará muito para que em <strong>Lisboa</strong> a repressão se abata sobre o partido, com<br />

o assalto à sua se<strong>de</strong> e aos sindicatos dos ferroviários e dos barbeiros, que influenciava, e<br />

com a prisão <strong>de</strong> alguns dirigentes 117 , o que provoca a <strong>de</strong>sarticulação do <strong>PCP</strong> na capital.<br />

Porém, nalguns locais, como no Porto, a activida<strong>de</strong> mantém-se com se<strong>de</strong>s abertas 118 ,<br />

prosseguindo a activida<strong>de</strong> sindical e a publicação do Ban<strong>de</strong>ira Vermelha, mas os<br />

tempos que se vão seguir são <strong>de</strong> <strong>de</strong>finhamento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação orgânica.<br />

A repressão que se abateu sobre a revolução <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1927 será<br />

<strong>de</strong>molidora, ainda que a participação <strong>de</strong> militantes comunistas no golpe reviralhista não<br />

pareça ter <strong>de</strong>corrido <strong>de</strong> nenhuma negociação com os chefes militares republicanos<br />

envolvidos 119 . No Porto, por exemplo, on<strong>de</strong> o movimento se inicia, um <strong>de</strong>stacamento <strong>de</strong><br />

duzentos homens concentrado em locais previamente <strong>de</strong>finidos pelos chefes<br />

republicanos espera em vão por armas para intervir e a repressão que se abate sobre a<br />

organização com o assalto e encerramento da se<strong>de</strong> regional, bem como com a prisão <strong>de</strong><br />

muitos elementos, leva a direcção partidária no norte a dissolver-se 120 .<br />

Os laços orgânicos esgarçam-se e a activida<strong>de</strong> partidária contrai-se. Ainda assim<br />

mantêm-se abertos os canais com a Internacional Comunista, o que explica que em<br />

1927 e 1928 se tenham <strong>de</strong>slocado duas <strong>de</strong>legações portuguesas a Moscovo para<br />

115<br />

Cf João G.P. Quintela, Para a História do movimento comunista..., p. 69<br />

116<br />

Cf António José Telo, Decadência e queda..., 2º volume..., p. 130<br />

117<br />

Cf José Pacheco Pereira (Introdução e notas), Acta da Conferência do <strong>PCP</strong> <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1929, in Estudos sobre o comunismo,<br />

2, Janeiro-Abril <strong>de</strong> 1984, p. 21<br />

118<br />

José da Silva, Memórias..., 2º volume, p. 26<br />

119<br />

Cf João G.P. Quintela, Para a História do movimento comunista..., p. 71<br />

120 José da Silva, Memórias..., 2º volume, p. 35<br />

58

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!