19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2. A organização e os quadros<br />

A organização do <strong>PCP</strong> nos locais <strong>de</strong> trabalho, nas localida<strong>de</strong>s, nos sectores<br />

sociais e profissionais alimentou-se <strong>de</strong>ste permanente ingresso <strong>de</strong> novos militantes, que<br />

alargavam, renovavam ou recompunham as suas fileiras, enquadrados numa re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

células, comités e contactos individuais que constituíam o interface colado à socieda<strong>de</strong>.<br />

Nos sectores operários, a activida<strong>de</strong> das células e comités <strong>de</strong> empresa procurava<br />

orientar-se para a acção reivindicativa. Joaquim Gomes refere como se <strong>de</strong>senvolvia em<br />

contexto laboral a activida<strong>de</strong> partidária:<br />

“Para parar uma fábrica era quase obrigatório ter organização do partido<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. Uma pequena célula, que produzisse pequenos manifestos, informações,<br />

distribuísse o Avante! clan<strong>de</strong>stino… Mas o fundamental era a existência <strong>de</strong> uma<br />

organização que fosse ganhando os trabalhadores, porque <strong>de</strong>scontentamento sempre<br />

havia. Era um trabalho que podia <strong>de</strong>morar meses ou anos, até haver um ambiente que<br />

não fosse o <strong>de</strong> «isto está mau, o que é que a gente há-<strong>de</strong> fazer». O partido tinha<br />

obrigação <strong>de</strong> ir influenciando os trabalhadores, mostrando que era preciso lutar,<br />

conquistar, pois os patrões nunca dão nada se não for através da luta” 1725<br />

Tratava-se <strong>de</strong> uma acção que combinava aspectos ilegais, no caso da<br />

organização partidária propriamente dita, com aspectos legais, o que passava pela<br />

i<strong>de</strong>ntificação dos problemas concretos, pela sua sistematização através <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rnos<br />

reivindicativos que uma comissão, que <strong>de</strong>veria incluir elementos que não pertenciam ao<br />

partido e por isso <strong>de</strong>signada <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, apresentaria directamente à administração ou<br />

aos patrões, promoveria abaixo-assinados ou concentrações, po<strong>de</strong>ndo, em caso das<br />

condições assim o permitirem chegar à greve. Naturalmente que o trabalho <strong>de</strong> contacto<br />

pessoal com os camaradas <strong>de</strong> trabalho, agitando, influenciando, mobilizando constituía<br />

o cerne <strong>de</strong>ssa activida<strong>de</strong>.<br />

As situações <strong>de</strong> greve <strong>de</strong>clarada, constituíam um factor <strong>de</strong> exposição face à<br />

repressão policial que se abatia a eito ou selectivamente sobre as li<strong>de</strong>ranças operárias<br />

mais <strong>de</strong>stacadas. Por isso, a evolução dos processos reivindicativos até à greve eram<br />

seguidos com particular cuidado pelos funcionários, que procuravam assegurar que a<br />

1725 João Céu e Silva, Uma longa viagem com Álvaro Cunhal, Porto, ASA, 2005, pp 69-70<br />

728

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!