19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 5<br />

O “<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita”<br />

1. A VI Reunião Plenária Ampliada do CC<br />

Nos primeiros meses <strong>de</strong> 1955, os resultados da V Reunião Plenária Ampliada do<br />

Comité Central esfumavam-se. É certo que prosseguia a discussão do Projecto <strong>de</strong><br />

Programa, mas o instrumento central para a intervenção política naquela altura – a<br />

plataforma mínima para a unida<strong>de</strong> – havia-se esgotado no pouco interesse e até<br />

indiferença dos sectores oposicionistas a quem se dirigia.<br />

O MND está <strong>de</strong>capitado com os seus principais dirigentes presos. A Comissão<br />

Central entretanto constituída com carácter <strong>de</strong> emergência é composta por figuras <strong>de</strong><br />

segunda linha, militantes esforçados, mas sem projecção pública, uma espécie <strong>de</strong><br />

funcionários para a gestão corrente do Movimento, on<strong>de</strong> ia germinando <strong>de</strong> forma<br />

progressiva a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> esgotamento.<br />

É por isso que a direcção do <strong>PCP</strong> sente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir mais longe, <strong>de</strong> dar mais<br />

provas <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong> junto das correntes que, nos anos anteriores, tanto havia<br />

maltratado no fulgor intransigente da <strong>guerra</strong> <strong>fria</strong>.<br />

O Avante! publica uma extensa <strong>de</strong>claração do Comité Central do <strong>PCP</strong>, <strong>de</strong> Março<br />

<strong>de</strong> 1955, que proclama em tom dramático que “só a unida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>mocratas e pessoas<br />

honradas po<strong>de</strong> salvar Portugal” 614 e para aí convergiam todos os seus esforços. Se o<br />

exemplo da plataforma aprovada e o tom do Projecto <strong>de</strong> Programa são avocados como<br />

exemplos <strong>de</strong> iniciativas e <strong>de</strong> predisposição nesse sentido, parece ter-se instalado a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> que para o envolvimento das outras forças o arrastamento já não funciona.<br />

O CC passa então a admitir publicamente um forte veio sectário que perturba e<br />

bloqueia os esforços <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> e “que se revela na falta <strong>de</strong> maleabilida<strong>de</strong> política e na<br />

intransigência por parte do Partido nas questões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> que é expressão certa<br />

linguagem inconveniente que dificulta a união <strong>de</strong> todos os portugueses honrados” 615 .<br />

Nesta altura, a pretexto da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> legalização da Causa Monárquica,<br />

sectores da oposição, agregando republicanos, socialistas e maçons reclamam<br />

614 Para a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mocratas portugueses, in Avante!, VI série, 196, Fevereiro <strong>de</strong> 1955<br />

615 I<strong>de</strong>m<br />

237

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!