19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mesmo que expormos a sorte da luta a uma possivel <strong>de</strong>fecção dos heróis, à<br />

sua prisão, aos seus erros e loucuras” 168<br />

A própria edição em Dezembro <strong>de</strong> 1933 do boletim semanal A Greve,<br />

publicação conjunta do <strong>PCP</strong> e da FJCP <strong>de</strong>stinada à “preparação do movimento contra a<br />

fascização dos sindicatos e da juventu<strong>de</strong>” 169 , reflecte o quadro <strong>de</strong> dualida<strong>de</strong> política em<br />

que o partido se movia, evocando ressonâncias fraccionistas. Nele está claramente<br />

patente a crítica a anarquistas, reviralhistas e a militantes comunistas que viam a greve<br />

contra a fascização dos sindicatos como uma greve geral revolucionária, a roçar o<br />

carácter insurreccional.<br />

No último dos números publicados, praticamente nas vésperas da greve, quando<br />

os anarquistas fabricavam bombas em série e ultimavam <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> sabotagem <strong>de</strong><br />

linhas férreas, cortes <strong>de</strong> estrada, <strong>de</strong>rrube <strong>de</strong> postes telegráficos e telefónicos, o boletim,<br />

como se nada disso estivesse a acontecer, insistia na <strong>de</strong>fesa exaustiva do carácter <strong>de</strong><br />

massas que a greve <strong>de</strong>via revestir 170 .<br />

Porém, a greve, tímida nas suas dimensões, tornar-se-ia uma componente<br />

secundária do movimento, à medida que as dificulda<strong>de</strong>s na sua organização se<br />

acentuavam, sendo como que compensadas por um activismo frenético, orientado para<br />

acções violentas, <strong>de</strong> sabotagem ou <strong>de</strong> assalto, à espera <strong>de</strong> uma intervenção militar que,<br />

afinal não chegaria.<br />

Seguiu-se, implacável, a repressão, mas também o tempo <strong>de</strong> analisar o processo<br />

e tirar lições. Na realida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>rrota tinha sido completa e os seus efeitos <strong>de</strong>molidores.<br />

Em plena ressaca da <strong>de</strong>rrota sofrida, o Secretariado do CC do <strong>PCP</strong> procurava<br />

minimizar esses efeitos e suster a <strong>de</strong>bandada, o que significava também ajustar contas<br />

políticas, e dirigia-se aos trabalhadores nestes termos: “o vosso movimento não foi<br />

esmagado pelo governo. O vosso movimento apenas esmagou as vossa próprias ilusões<br />

sobre o revolucionarismo dos chefes da CGT, sindicais reviralhistas e reformistas”,<br />

apelando ao “novo reagrupamento das vossas forças, para luta in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> base,<br />

sob o lema: CLASSE CONTRA CLASSE” 171 .<br />

Era como se o sector sindical do partido não tivesse ido na prática a reboque dos<br />

anarquistas, não tivesse enfileirado com eles, <strong>de</strong> cima abaixo, em todos os níveis e<br />

168<br />

Boletim Semanal do Secretariado da FJCP, <strong>de</strong> 13.11.33, cit.por Elói Rodrigues, As Juventu<strong>de</strong>s Comunistas (1921-1936), in<br />

Vértice, II série, 50, Setembro-Outubro <strong>de</strong> 1992, p16<br />

169<br />

A Greve, 2, 3 e 4 , <strong>de</strong> 10, 17 e 24.12.33<br />

170<br />

Cf Por amplas <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> massas, in A Greve, 4, <strong>de</strong> 24.12.33<br />

171<br />

Das ilusões anarquistas e reviralhistas no seio dos trabalhadores à frente única in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> classe contra classe, in<br />

António Ventura (Notas e Introdução), As primeiras lições da jornada <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Janeiro, Estudos sobre o comunismo, 2, Janeiro-<br />

Abril <strong>de</strong> 1984, p. 55<br />

71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!