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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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diferentes e contraditórias, mas acabaria por ver a sua atenção <strong>de</strong>sviada para problemas<br />

técnicos 744 . Ficava assim aberto o flanco para que <strong>de</strong>saguassem no congresso pontos <strong>de</strong><br />

vista contraditórios em documentos e intervenções <strong>de</strong> elementos que se sabiam<br />

pertencerem todos ao Comité Central.<br />

Na sua intervenção escrita sobre as eleições que se aproximavam, Guilherme da<br />

Costa Carvalho (Manuel) admite que o intervencionismo que o partido <strong>de</strong>fendia<br />

implicava não só ir às urnas como <strong>de</strong>ixava inclusivamente em aberto a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

eleger <strong>de</strong>putados. Com prudência, entremeando com avisos contra o carácter<br />

fraudulento das eleições e alertando contra tendências legalistas que se possam<br />

manifestar, sempre vai dizendo, a concluir:<br />

“(…) pela acção <strong>de</strong> toda a Oposição po<strong>de</strong>remos não só fazer recuar<br />

o governo até ao ponto <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> aceitar elementos da Oposição na<br />

Assembleia Nacional, mas também, ajudaremos a criar condições novas<br />

nas quais os golpes da Oposição unida se tornarão muito mais<br />

<strong>de</strong>molidores” 745<br />

É certo que a perspectiva assim expandida se relaciona directamente com a<br />

aceitação do <strong>de</strong>rrube <strong>de</strong> Salazar por via pacífica e que o intervencionismo eleitoral <strong>de</strong><br />

toda a Oposição unida – da classe operária à burguesia não monopolista, como explicita<br />

– constituía o procedimento táctico para a construção do movimento anti-salazarista que<br />

empreen<strong>de</strong>ria as acções conducentes à <strong>de</strong>struição do regime.<br />

Deste ponto <strong>de</strong> vista, Carvalho está aparentemente em acordo total com o<br />

informe <strong>de</strong> Fogaça. E verbaliza-o por mais <strong>de</strong> uma vez ao longo da sua intervenção, não<br />

só em relação a estes aspectos do intervencionismo eleitoral, da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> toda a nação<br />

contra Salazar ou da via pacífica, como segue o informe no que toca à importância e à<br />

dimensão da <strong>de</strong>sagregação do regime.<br />

Mas pelo texto da sua intervenção é também possível perceber por on<strong>de</strong> passam<br />

as suas divergências com o documento político fundamental em discussão. Na linha<br />

aliás das suas posições anteriores, introduz <strong>de</strong> modo muito mais incisivo o papel que a<br />

unida<strong>de</strong> da classe operária <strong>de</strong>sempenha em toda esta estratégia, assim como a função <strong>de</strong><br />

mola propulsora que a acção das massas populares tinha na <strong>de</strong>sagregação e na<br />

<strong>de</strong>struição do regime.<br />

744 Cf. I<strong>de</strong>m<br />

745 V Congresso do Partido Comunista Português, Sobre as próximas eleições para <strong>de</strong>putados, intervenção pelo camarada Manuel<br />

[Guilherme da Costa Carvalho], Edições “Avante!”, Outubro <strong>de</strong> 1957, p. 8<br />

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