19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

divulgação <strong>de</strong> propaganda que não seja submetida à censura prévia 509 . Passam assim a<br />

ser interceptados, presos e i<strong>de</strong>ntificados os elementos das brigadas <strong>de</strong> agitação que<br />

colavam cartazes ou distribuíam propaganda numa manobra intimidatória evi<strong>de</strong>nte.<br />

A primeira sessão pública e a mais significativa realizou-se no Cine-Teatro <strong>de</strong><br />

Rio Tinto, nos arredores do Porto e mesmo tendo a polícia previamente dispersado à<br />

bastonada os que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo se começaram a concentrar, estes rapidamente se<br />

reagrupariam com a chegada do candidato e encheram a sala num ambiente entusiástico.<br />

Depois <strong>de</strong> Virgínia Moura, durante a intervenção <strong>de</strong> José Morgado, que<br />

representava o candidato e a CC do MND em <strong>Lisboa</strong>, o representante do governador<br />

civil intimou Ruy Luis Gomes a mo<strong>de</strong>rar o discurso <strong>de</strong> Morgado e, perante a recusa,<br />

encerraria coercivamente a sessão, acabando a polícia por carregar com brutalida<strong>de</strong> à<br />

saída do cinema provocando ferimentos no próprio candidato e naqueles que o<br />

ro<strong>de</strong>avam 510 .<br />

Ficou conhecida a fotografia <strong>de</strong> José Morgado, Ruy Luis Gomes e António<br />

Lobão Vital, marido <strong>de</strong> Virgínia Moura, <strong>de</strong> cabeça enfaixada e a roupa ensaguentada,<br />

testemunhando o inci<strong>de</strong>nte 511 , do qual o MND trataria <strong>de</strong> capitalizar politicamente da<br />

melhor maneira que pô<strong>de</strong>.<br />

Atraindo a repressão, afrontando-a, ousando ganhar a rua, realizar sessões<br />

públicas, editar materiais <strong>de</strong> propaganda, incentivar a circulação <strong>de</strong> abaixo-assinados,<br />

enviar representações ao Governo, furar o cerco com que o regime pretendia asfixiá-la,<br />

a candidatura <strong>de</strong> Ruy Gomes, respon<strong>de</strong>ndo por todos os meios possíveis aos ataques e<br />

insinuações que o regime por um lado e a candidatura <strong>de</strong> Quintão Meireles, por outro<br />

lhe moviam, a candidatura ganhava em combativida<strong>de</strong> o que patinava em alargamento<br />

substancial <strong>de</strong> apoios políticos.<br />

É neste contexto que a Comissão Central do Movimento Nacional Democrático<br />

publica a nota oficiosa que reivindica a candidatura como a única <strong>de</strong> oposição. Mais do<br />

flagelar o candidato do regime, era Quintão Meireles quem visavam:<br />

“Relativamente ao 3º candidato po<strong>de</strong>mos e <strong>de</strong>vemos afirmar que ele<br />

não levanta ao Movimento Nacional Democrático nenhum problema <strong>de</strong><br />

Unida<strong>de</strong>. A sua candidatura representa uma cisão no campo governamental<br />

e não uma cisão no campo <strong>de</strong>mocrático. Não há nenhum combatente<br />

<strong>de</strong>mocrata que subscreva essa Candidatura. Nada existe <strong>de</strong> comum entre<br />

509 Cf. Ofício Confi<strong>de</strong>ncial nº 1554/GBT do Ministério do Interior, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1951<br />

510 Cf. José Silva, Memórias..., 2º vol., pp 379-382<br />

511 Virgínia Moura, Mulher <strong>de</strong> Abril.., p. 71<br />

202

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!