19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

seja o povo português ou sejam os povos coloniais a libertar-se primeiro. É<br />

prematuro afirmar-se quem o conseguirá” 1371<br />

Em função <strong>de</strong>ste quadro Álvaro Cunhal <strong>de</strong>signou a etapa da revolução como<br />

<strong>de</strong>mocrática e nacional. O programa <strong>de</strong>sta revolução estava consubstanciado nos sete<br />

pontos saídos da reunião do Comité Central <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1963, a que o secretário-geral<br />

do <strong>PCP</strong> acrescentava agora um oitavo ponto relacionado com a <strong>de</strong>mocratização da<br />

cultura, com um conjunto <strong>de</strong> objectivos que iam da eliminação do analfabetismo à<br />

reforma geral do ensino ou da divulgação cultural ao incentivo à criação artística. Eram<br />

objectivos da revolução <strong>de</strong>mocrática que constituíam enquanto tal uma “revolução<br />

cultural” 1372 .<br />

O processo <strong>de</strong> transição política após o <strong>de</strong>rrube do regime, isto é, o caminho<br />

para a construção da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>mocrática <strong>de</strong>veria ser traçado por um Governo<br />

Provisório, que, incluindo a participação do <strong>PCP</strong>, evi<strong>de</strong>ntemente, instaurasse as<br />

liberda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocráticas, iniciasse o <strong>de</strong>smantelamento das estruturas e instituições do<br />

regime e preparasse eleições para uma Assembleia Constituinte, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo, no<br />

entanto, que fora do governo e no movimento social o partido <strong>de</strong>via lutar pelo programa<br />

da Revolução Democrática e Nacional.<br />

Esta etapa da revolução entrelaçava assim num mesmo programa objectivos<br />

antifascistas, nacionais e ten<strong>de</strong>ncialmente socialistas, pelo que a sua base política e<br />

social seria uma larga frente <strong>de</strong> todas as classes e sectores não monopolistas, que, na<br />

esteira da política <strong>de</strong> frentes populares, tal como havia sido <strong>de</strong>finida em 1935 pela<br />

Internacional Comunista, se estruturaria em torno da unida<strong>de</strong> da classe operária,<br />

agrupando <strong>de</strong>pois os assalariados e os grupos <strong>de</strong> pequenos e médios proprietários,<br />

agricultores, industriais e comerciantes, bem como a burguesia liberal.<br />

O quadro político que suportava este arco social era tido como débil e disperso,<br />

o que reforçava o papel que era atribuído ao próprio partido como a única organização<br />

estruturada a nível nacional.<br />

O levantamento nacional era, nesta linha, a via para o <strong>de</strong>rrube do regime, como<br />

vinha sendo igualmente <strong>de</strong>lineado por Álvaro Cunhal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 40. Teria um<br />

carácter insurreccional, resultado <strong>de</strong> uma radicalização e unificação das lutas<br />

económicas e políticas, cuja impetuosida<strong>de</strong> abalaria e fracturaria o próprio exército<br />

1371 I<strong>de</strong>m, pp 104-105<br />

1372 I<strong>de</strong>m, p. 74<br />

547

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!