19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

vencidos, no quadro do movimento comunista na alvorada do século XX, a começar<br />

pelo próprio Lenine, mas também Bukharine, Trotski, Lukács, Gramsci ou Rosa<br />

Luxemburgo. Os seus contributos, necessariamente plurais, mesmo que parcelares,<br />

frequentemente <strong>de</strong>nsos, pelo que <strong>de</strong> estimulante frequentemente carreiam não merece<br />

correspon<strong>de</strong>r tão só a uma corrente “difícil <strong>de</strong> catalogar” 5 , na expressão <strong>de</strong> Bruno<br />

Groppo e Bernard Pudal, como que esmagada entre legitimação, <strong>de</strong>monização e<br />

“cientificida<strong>de</strong>”.<br />

As suas obras, como aliás a <strong>de</strong> outros excluídos ou auto-excluídos do sistema,<br />

<strong>de</strong>signadamente no segundo pós-<strong>guerra</strong>, mesmo que num percurso <strong>de</strong> progressivo<br />

afastamento do marxismo, como Fernando Claudín ou François Fetjö, constituem obras<br />

clássicas 6 <strong>de</strong> interpretação global e, simultaneamente, fontes para o estudo da história do<br />

comunismo ao nível da história política e das i<strong>de</strong>ias políticas, bem como da evolução do<br />

pensamento <strong>de</strong> raiz marxista.<br />

Por outro lado, a renovação do pensamento marxista ocorrida nos finais dos anos<br />

60 e na década seguinte contribuiu com um expressivo conjunto <strong>de</strong> estudos e obras <strong>de</strong><br />

carácter analítico sobre o comunismo, que a voragem do tempo e o processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sagregação do bloco <strong>de</strong>signado <strong>de</strong> socialista vieram <strong>de</strong>svalorizar e ofuscar num<br />

contexto i<strong>de</strong>ológico dominante <strong>de</strong> inculcação do pensamento único e <strong>de</strong> fantásticas<br />

teorias sobre o fim da História.<br />

Não obstante, foram-se <strong>de</strong>senhando correntes historiográficas dinâmicas em<br />

torno do comunismo, como em França e a partir da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>, com a tese <strong>de</strong> Annie<br />

Kriegel, <strong>de</strong> 1964, sobre as origens do comunismo em França 7 e em particular <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

seu ensaio <strong>de</strong> intenção etnográfica sobre os comunistas franceses 8 , que permitiria<br />

configurar a corrente que em 1982 lança a revista Communisme.<br />

A revista, <strong>de</strong> vincado enquadramento académico reunia sob a direcção <strong>de</strong><br />

Kriegel um grupo alargado <strong>de</strong> jovens investigadores que nutriam em comum a<br />

disposição <strong>de</strong> construir uma história científica do comunismo, recusando uma<br />

historiografia <strong>de</strong> partido e os objectivos subjacentes.<br />

Na sua fase inicial, <strong>de</strong>stacava-se o interesse por aproximações <strong>de</strong> incidência<br />

sociológica, <strong>de</strong>signadamente na análise das organizações partidárias <strong>de</strong> âmbito<br />

5 Bruni Groppo e Bernard Pudal, Une realité multiple et controversée,in Le siècle <strong>de</strong>s communismes (Dir. <strong>de</strong> Michel Dreyfus,<br />

Bruno Groppo, Cláudio Ingerflom, Roland Lew, Clau<strong>de</strong> Pennetier, Bernard Pudal e Serge Wolikow), Paris, Éditions <strong>de</strong> L’Atelier,<br />

2000, p. 20<br />

6 Cf. François Fejtö, As Democracias Populares, 2 vols, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1975 (1969); Fernando<br />

Claudín, A Crise do Movimento Comunista, 2 vols, S. Paulo, Global Editora, 1986 (1970)<br />

7 Annie Kriegel, Aux origines du communisme français (1914-1920), 2 vols., Paris, La Haye, Mouton, 1964<br />

8 Annie Kriegel, Les Communistes français: essai d'ethnographie politique, Paris , Seuil, 1968.<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!