19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

habitual encontrar quem criticasse aberta e publicamente o governo e, por outro, que o<br />

regime ainda não se tivesse conseguido recompor do abalo provocado pelo <strong>de</strong>sfecho do<br />

conflito mundial.<br />

O MUD surgia-lhes como o exemplo do movimento antifascista que <strong>de</strong>fendiam,<br />

substancialmente diferente do MUNAF que radicava num acordo e num equilíbrio<br />

interpartidário. Viam aí as potencialida<strong>de</strong>s consentâneas com a “Política <strong>de</strong> Transição”,<br />

justamente nos aspectos que a direcção do <strong>PCP</strong> mais criticava e <strong>de</strong>sconfiava no MUD;<br />

viam aí o terreno on<strong>de</strong> se justificaria a própria suspensão do Avante!,. Achavam que a<br />

situação propiciava uma actuação mais abertamente legal, que o partido <strong>de</strong>via ter um<br />

corpo <strong>de</strong> funcionários reconhecidos como tal e actuando à luz do dia.<br />

Dos contactos que iam estabelecendo valorizam a percepção que julgavam ter<br />

das <strong>de</strong>ficiências da vida partidária – ligações esparsas e diluídas com os militantes em<br />

trabalho legal, problemas na distribuição da imprensa pela organização, um ambiente<br />

criticista por parte dos seus interlocutores, que se queixavam <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> directrizes,<br />

actuações divergentes <strong>de</strong> militantes com as mesmas tarefas 379 , enfim, um rol<br />

suficientemente vasto para reforçar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que era necessário regenerar o partido e<br />

que essa era a sua missão.<br />

Ao longo da primeira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1946 realizaram-se várias reuniões com<br />

dirigentes da OCPT para discutir o problema da Política <strong>de</strong> Transição, on<strong>de</strong> mantinham<br />

a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que “haveria que manter uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vistas e <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s que não<br />

enfraquecessem a posição da OCPT” 380 , isto é, um funcionamento em fracção.<br />

A caminho do IV Congresso era nesta tensão interna que o <strong>PCP</strong> vivia. De<br />

qualquer modo, a situação chegara a um impasse tal que só o congresso <strong>de</strong>veria<br />

resolver.<br />

O IV Congresso vai realizar-se no final <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1946, na Lousã com a<br />

presença <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> quarenta participantes, entre os quais vários ex-tarrafalistas<br />

<strong>de</strong>fensores da Política <strong>de</strong> Transição, <strong>de</strong>signadamente Júlio Fogaça, Militão Ribeiro,<br />

Francisco Miguel, Gilberto <strong>de</strong> Oliveira ou Augusto Val<strong>de</strong>z.<br />

O informe central, O Caminho para o <strong>de</strong>rrubamento do fascismo, é mais<br />

uma vez apresentado por Álvaro Cunhal, aprofundando as bases fundamentais do<br />

informe apresentado dois anos e meio antes ao III Congresso.<br />

379 Cf. Ramiro, [Júlio Fogaça], Breve Análise <strong>de</strong> alguns erros..., p. 3<br />

380 Ribeiro [Gilberto <strong>de</strong> Oliveira], Queridos Camaradas, Junho <strong>de</strong> 1950..., p 2 [106]<br />

141

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!