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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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<strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo em matéria sindical, se bem que ainda longe <strong>de</strong> a questionar aberta e<br />

globalmente.<br />

Porém, os seus escritos do Verão <strong>de</strong> 1961, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido cooptado para o<br />

CC, representam a viragem <strong>de</strong>ssas críticas pontuais para uma ponto <strong>de</strong> vista mais<br />

global, em que assinala haver uma tendência oportunista a instalar-se no <strong>PCP</strong>, com a<br />

particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assentar sobre a correcção do “<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita” e em nome <strong>de</strong>ssa<br />

mesma correcção.<br />

Em Agosto <strong>de</strong> 1961 envia um memorando ao Comité Central, reportando-se <strong>de</strong><br />

modo sintético a três aspectos da orientação partidária que, em sua opinião, exigiam<br />

uma clarificação e uma rectificação urgente. Em primeiro lugar, preten<strong>de</strong> que o partido<br />

se <strong>de</strong>marque inequivocamente do Programa para a Democratização da República,<br />

libertando-se <strong>de</strong> ambiguida<strong>de</strong>s que, mesmo em nome da salvaguarda da unida<strong>de</strong><br />

oposicionista em vésperas <strong>de</strong> intervenção eleitoral, acabariam por ter um efeito mais<br />

prejudicial à unida<strong>de</strong> que o contrário, pois semeariam a confusão nas fileiras partidárias<br />

e enfraqueceriam <strong>de</strong>sse modo a acção do partido.<br />

Em segundo lugar, enten<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve ser lançada uma crítica aberta ao<br />

putchismo, como expressão <strong>de</strong> uma tendência bloqueadora do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

acções populares in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, sacudindo o <strong>de</strong>fensismo nesta matéria, que só estaria a<br />

fazer com que os sectores golpistas da oposição apresentassem o partido como<br />

“mo<strong>de</strong>rado”, abrindo o flanco à sua ultrapassagem pela esquerda.<br />

Finalmente, mostra-se indignado com um comunicado da Direcção da<br />

Organização Regional da Beira Litoral sobre a <strong>guerra</strong> colonial, on<strong>de</strong> se dizia que a<br />

in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Angola também servia os interesses dos patrões, sustentando que<br />

essas posições fossem frontalmente criticadas na imprensa partidária e que o dito<br />

comunicado fosse <strong>de</strong>sautorizado 1240 .<br />

Ainda nesse mês <strong>de</strong> Agosto, envia um segundo documento ao Comité Central.<br />

Aí, mais do que criticar uma ou um conjunto <strong>de</strong> posições públicas do partido, sustenta<br />

que é necessário levar mais longe a crítica ao <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita, ultrapassar toda uma<br />

série <strong>de</strong> meios termos e complacências que estavam a minar a política do partido.<br />

Para Martins Rodrigues, o aprofundamento da crítica ao “<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita“<br />

implicava <strong>de</strong>sligar do trabalho <strong>de</strong> direcção aqueles que aí persistentemente <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram<br />

essas posições, i<strong>de</strong>ntificar a raiz e as consequências do <strong>de</strong>svio que colocou o partido a<br />

1240 Cf. IAN/TT, TCL, 2º Juízo Criminal, Processo 90/62, 14º vol., Camp.[os] [Francisco Martins Rodrigues], Contra o<br />

oportunismo, Agosto <strong>de</strong> 1961, dact., 1 p., apenso a fls 840<br />

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