19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Para isso, insiste no reforço e alargamento da candidatura <strong>de</strong> Arlindo Vicente,<br />

em particular a acção dos trabalhadores, dos jovens e das mulheres com amplas<br />

reuniões locais, articuladas a nível regional e nacional e criando movimentos sectoriais<br />

específicos.<br />

A reunião admite que uma das candidaturas possa não ir até ao fim, por<br />

imposição do governo, que as eleições possam ser anuladas ou que o regime avance<br />

com acções provocatórias e, nesse sentido, torna-se necessário <strong>de</strong>finir antecipadamente<br />

que resposta dar. Mas, continua a não ir mais longe.<br />

A repressão abate-se directamente sobre os serviços centrais <strong>de</strong> candidatura <strong>de</strong><br />

Arlindo Vicente. A 22 <strong>de</strong> Maio alguns dos seus elementos mais <strong>de</strong>stacados são presos,<br />

mas a organização da caravana para sul prossegue. Constantino Capinha, António<br />

Abreu e João Falcato são alguns dos que ainda assim conseguem escapar e<br />

acompanharão o candidato.<br />

A caravana parte a 26, justamente no mesmo dia em que a Comissão Política do<br />

Comité Central reúne. A maioria dos dirigentes que intervêm é no sentido <strong>de</strong> frisar que<br />

chegou o momento <strong>de</strong> operar uma viragem na orientação da campanha, como<br />

reclamavam os militantes na base e <strong>de</strong> acordo com a opinião popular, ainda que alguns<br />

resistam à fusão das candidaturas, preferindo falar antes não em união orgânica, mas em<br />

união na acção e dizendo que era necessário tempo, que era o que já praticamente não<br />

havia.<br />

Júlio Fogaça, mais realista, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a unida<strong>de</strong> e a fusão orgânica por baixo e a<br />

negociação por cima 859 . É <strong>de</strong>cidido, então, finalmente, a <strong>de</strong>sistência <strong>de</strong> Arlindo Vicente:<br />

“O P[artido] preconiza um só – Discutir imediatamente em todo o<br />

P[artido] unificação na acção e das comissões <strong>de</strong> base dos dois movimentos<br />

à semelhança do q[eu] fizeram outros movimentos <strong>de</strong> opinião, o CC apoia a<br />

candidatura <strong>de</strong> HD [Humberto Delgado] e aconselha todos a apoiarem esta<br />

candidatura, e a participarem em todas as comissões do topo à base” 860 .<br />

Porém, é à medida que avança para sul, on<strong>de</strong> a influência do <strong>PCP</strong> é mais forte,<br />

que Arlindo Vicente recebe um apoio popular mais efusivo e mais massivo. Em<br />

Grândola é aguardado por três centenas <strong>de</strong> pessoas, a quem falou da varanda <strong>de</strong> uma<br />

pensão 861 . Mais a sul, à passagem por Ermidas-Sado, era uma centena e, um pouco mais<br />

859<br />

Cf. S. Político. 26/5, mns, 2 pp e CP. 26/5, mns, 2 pp, i<strong>de</strong>m, apenso a fls 204<br />

860<br />

Cf. Conclusões. CP. 26/5, mns, 2 pp, i<strong>de</strong>m, apenso a fls 203<br />

861<br />

Cf. Rádio Pi<strong>de</strong>. Nº 703/58-SR, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1958, Processo 1546/57-SR, 3º vol., [199]<br />

334

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!