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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Estas <strong>de</strong>sconfianças eram liminar e globalmente explicadas pelo medo da<br />

repressão, embora resultante da vacilação política e i<strong>de</strong>ológica, o que exigia o reforço<br />

da educação comunista, do trabalho i<strong>de</strong>ológico.<br />

A publicação na imprensa partidária <strong>de</strong> materiais do movimento comunista<br />

internacional, sejam artigos do órgão do Kominform ou discursos <strong>de</strong> dirigentes<br />

internacionais respon<strong>de</strong> a esta necessida<strong>de</strong>, por on<strong>de</strong> se passa a dispor <strong>de</strong> materiais<br />

susceptíveis <strong>de</strong> permitir, ao mesmo tempo, um acerto <strong>de</strong> passo com as orientações que<br />

irradiavam do centro soviético. É o caso da publicação do discurso <strong>de</strong> Staline ao XIX<br />

Congresso do PCUS, realizado em Outubro <strong>de</strong> 1952, em O Militante e no Avante!<br />

O discurso, importante por ser <strong>de</strong> quem é, acresce <strong>de</strong> significado por ser como<br />

que uma espécie <strong>de</strong> testamento, proferido da tribuna do congresso do centro comunista,<br />

com particular incidência sobre as questões <strong>de</strong> política internacional. Diz Staline:<br />

“Quando o camarada Thorez ou o camarada Togliatti <strong>de</strong>claram que<br />

os seus povos não guerrearão contra os povos da União Soviética (...), isto<br />

é apoio, e, antes <strong>de</strong> tudo, apoio dos operários e camponeses da França e da<br />

Itália que lutam pela Paz e <strong>de</strong>mais apoio também aos anseios <strong>de</strong> Paz da<br />

união Soviética.<br />

Esta particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio mútuo explica-se, porque os<br />

interesses do nosso Partido não só não contradizem, mas, pelo contrário, se<br />

fun<strong>de</strong>m com os interesses dos povos amantes da Paz (...).<br />

No que se refere à União Soviética, os seus interesses são<br />

absolutamente inseparáveis da causa da Paz no mundo inteiro” 542<br />

Mantém-se ateado o espectro da <strong>guerra</strong>, mas <strong>de</strong> modo diverso da concepção<br />

anterior, isto é, antes como inevitável; agora, como resultado das contradições<br />

interimperialistas e, como tal, entre países do bloco capitalista.<br />

A superiorida<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo societal e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económico<br />

protagonizado pela União Soviética afirmar-se-ia numa lógica <strong>de</strong> competição entre os<br />

dois sistemas, como afirma Georgi Malenkov, o braço direito <strong>de</strong> Staline, da tribuna do<br />

congresso, o que será doravante glosado por toda a sorte <strong>de</strong> quadros superiores da<br />

estrutura partidária e estatal soviética 543 .<br />

542<br />

Discurso do Camarada Stáline no XIX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, in Avante!, VI série, 171,<br />

Outubro <strong>de</strong> 1952<br />

543<br />

Cf. Jean-Pierre Rivenc, Lutte pour la paix et mouvement <strong>de</strong> la paix 1939-1956. Staline « L’homme <strong>de</strong> la Paix », in<br />

Communisme, 18-19, 1988, p. 113<br />

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