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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Entretanto, a Comissão Política começa a fazer circular entre os membros do CC<br />

o novo projecto <strong>de</strong> Programa a ser aprovado pelo V Congresso, que vinha substituir a<br />

versão inicial, distribuída três anos antes. O que a distinguia da anterior era a introdução<br />

dos principais aspectos que o Documento <strong>de</strong> Outubro consagrara.<br />

O Comité Central reúne ainda nesse mês on<strong>de</strong> começam a ser discutidos os<br />

documentos para o Congresso. Aí são já pelo menos três os membros, incluindo Octávio<br />

Pato (Melo ou Frazão), que exprimem a opinião que o projecto <strong>de</strong> informe político<br />

traduz um <strong>de</strong>svio oportunista, cujas raízes são idênticas às da “Política <strong>de</strong> Transição”,<br />

ainda que com especificida<strong>de</strong>s próprias.<br />

Sustentam que há subestimação do papel da classe operária e do papel <strong>de</strong>cisivo<br />

do movimento <strong>de</strong> massas, fazendo-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r a solução pacífica <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sagregação<br />

do regime operada por cima, receando-se assustar a burguesia e apontam Júlio Fogaça<br />

como o principal responsável por essa inflexão, que teria sido “arrastado <strong>de</strong> novo para<br />

<strong>de</strong>svios idênticos aos da “PT”” 707 .<br />

A responsabilização <strong>de</strong> Fogaça é consi<strong>de</strong>rada acrescida, porque foi o autor dos<br />

documentos e, nessa qualida<strong>de</strong>, não teve em <strong>de</strong>vida conta as críticas que já tinham sido<br />

feitas, assim como as conclusões da Comissão Política. É acusado <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s em<br />

libertar-se <strong>de</strong> concepções cuja raiz está precisamente na “Política <strong>de</strong> Transição”.<br />

No <strong>de</strong>curso da discussão foi-se pondo o problema <strong>de</strong> continuar a atribuir-se a<br />

Fogaça a tarefa <strong>de</strong> elaborar e trabalhar o informe político ao congresso. Quase todos os<br />

participantes insistiam nesse aspecto, mas, paradoxalmente, mantiveram essa <strong>de</strong>cisão,<br />

com excepção <strong>de</strong> Guilherme <strong>de</strong> Carvalho.<br />

Isolado, Carvalho afirmava que Fogaça era um oportunista que se <strong>de</strong>via<br />

regenerar frequentando um curso <strong>de</strong> marxismo e que o <strong>de</strong>svio que se ia i<strong>de</strong>ntificando<br />

era a mesma coisa que a “Política <strong>de</strong> Transição” 708 .<br />

Do que os restantes elementos discordavam era da personalização da “PT” em<br />

Fogaça, que Carvalho fazia, por isso admitiam até que ele, reconhecendo os seus erros,<br />

se mantivesse como indigitado para redigir o Informe Político ao V Congresso.<br />

Aparentemente, Fogaça e os que seguiam as suas opiniões teriam admitido, nem<br />

que fosse formalmente, uma relativa subestimação da classe operária. Daí, Jaime Serra<br />

(Freitas) ter sido incumbido para redigir um artigo para O Militante sobre o tema, a que<br />

vai ser dado relevo <strong>de</strong> primeira página.<br />

707 Conclusões políticas do CC (6-57), mns, [2], in TCL, 2º JCL, Processo 92/1962, 2º vol., apenso a fls 174<br />

708 Cf. I<strong>de</strong>m, [4]<br />

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