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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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publicara no Diário <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> 789 , on<strong>de</strong> afirmava o seu abstencionismo e o seu<br />

anticomunismo, mas on<strong>de</strong> também se indignava com as abissais <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais,<br />

se opunha aos monopólios na perspectiva <strong>de</strong> uma burguesia “nacional”, propugnando<br />

para o país um conjunto <strong>de</strong> reformas <strong>de</strong> sentido <strong>de</strong>senvolvimentista que passavam, por<br />

exemplo pela reestruturação fundiária, por uma justa redistribuição do rendimento<br />

nacional ou contra a política colonial do governo.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da polémica permitira-lhe aliás ir a<strong>de</strong>nsando o seu<br />

posicionamento contra o regime, clamando por liberda<strong>de</strong>s, pela elevação do nível <strong>de</strong><br />

vida do povo português, <strong>de</strong>nunciando a corrupção e as gran<strong>de</strong>s fortunas.<br />

O seu perfil e o seu posicionamento encaixavam-se bem na concepção <strong>de</strong> um<br />

candidato abrangente, <strong>de</strong>fensor das liberda<strong>de</strong>s, atento às condições <strong>de</strong> vida dos<br />

trabalhadores, “anti-monopolista”, que o tornavam potencialmente capaz <strong>de</strong> atrair a<br />

direita oposicionista, os dissi<strong>de</strong>ntes e os <strong>de</strong>scontentes do regime, tornando secundária a<br />

sua verve anti-comunista, frequentemente afiada.<br />

Não obstante, não teria sido muito pacífica a solução Cunha Leal, mesmo entre o<br />

núcleo duro <strong>de</strong> militantes comunistas que, no seio da Comissão Cívica Eleitoral,<br />

dinamizava o processo a nível legal.<br />

Numa reunião da Comissão Cívica, a 11 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1957, ainda com o<br />

leque <strong>de</strong> candidatos potenciais consi<strong>de</strong>ravelmente alargado – Cunha Leal, Azevedo<br />

Gomes, Jaime Cortesão, Aurélio Quintanilha, Humberto Delgado – António Abreu e<br />

José António Caetano pronunciam-se contra Cunha Leal, invocando falta <strong>de</strong> apoios ou o<br />

seu passado político. Dos militantes comunistas presentes apenas Manuel João da Palma<br />

Carlos se inclina para o engenheiro, acompanhando a maioria dos presentes. É <strong>de</strong>sta<br />

reunião que sai a proto-candidatura <strong>de</strong> Cunha Leal, sem que ainda o putativo candidato<br />

fosse tido nem achado para o efeito. Forma-se então uma comissão para o sondar,<br />

enquanto dois grupos partirão para, a norte e a sul, procurarem apoios à candidatura 790 .<br />

È organizado um primeiro jantar, com o pretexto <strong>de</strong> homenagear a escritora Lília<br />

da Fonseca, que também integrava a Comissão Cívica Eleitoral, mas que na realida<strong>de</strong><br />

visava congregar forças e apoios para uma espécie <strong>de</strong> primeira linha <strong>de</strong> apoiantes,<br />

conseguindo a presença <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cem pessoas. Segundo o Avante!:<br />

“Ali foi <strong>de</strong>fendida a união dos <strong>de</strong>mocratas sem discriminações, a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> todos os actos pré-eleitorais, a concorrência<br />

789<br />

Cf. Cunha Leal, Consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> um abstencionista sobre os problemas nacionais. “Licet”?, in Diário <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong><br />

Outubro <strong>de</strong> 1957<br />

790<br />

Informação <strong>de</strong> …. [expurgado], <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1957, in IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, Processo 1876/SR, Pasta 4, [19-21]<br />

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