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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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apostando no arrastamento e a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> outras unida<strong>de</strong>s. O general Delgado entrara<br />

clan<strong>de</strong>stinamente no país e preparava-se para assumir o comando das operações numa<br />

fase mais avançada do seu <strong>de</strong>senvolvimento; iludindo completamente a vigilância<br />

policial consegue sair do país, gorado o movimento. O assalto ao quartel <strong>de</strong> Beja como<br />

aliás o conjunto das operações, várias vezes adiadas, fora marcado pelo improviso e<br />

pela falta <strong>de</strong> meios, redundando rapidamente em <strong>de</strong>scalabro.<br />

Embora o <strong>PCP</strong> não apoiasse a acção, registou-se a participação <strong>de</strong> vários<br />

militantes comunistas, particularmente da Margem Sul do Tejo. Ainda que Manuel<br />

Serra, que dirigia do ponto <strong>de</strong> vista operacional a preparação do movimento militar,<br />

particularmente envolvido com a sua componente civil, sustente que a mobilização dos<br />

apoiantes se fazia <strong>de</strong> modo indiferenciado, sem aten<strong>de</strong>r à filiação partidária fosse <strong>de</strong><br />

quem fosse 1075 , a radicalização <strong>de</strong> sectores da base operária do Partido Comunista<br />

propiciava o engajamento <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>sses militantes. Assim, mesmo sabendo que a<br />

opinião formal dos dirigentes comunistas era contrária àquele tipo <strong>de</strong> acções, os<br />

organizadores da conspiração, tanto Serra, como Edmundo Pedro ou o próprio Piteira<br />

Santos, particularmente estes dois últimos, não <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhavam do aliciamento <strong>de</strong>sses<br />

sectores, parecendo aliás beneficiar do conhecimento e dos contactos que lhes advinham<br />

do facto <strong>de</strong> serem ex-militantes comunistas.<br />

O principal elemento <strong>de</strong> enlace aos sectores comunistas dispostos à participação<br />

no movimento era Joaquim Eduardo Pereira, operário montador na Companhia<br />

Portuguesa <strong>de</strong> Pesca, conhecida por Olho <strong>de</strong> Boi, em Almada. Militante <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1943,<br />

teve nas eleições <strong>de</strong> 1958 um papel <strong>de</strong> relevo na zona, integrando a Comissão Concelhia<br />

<strong>de</strong> apoio a Arlindo Vicente, primeiro, e a Humberto Delgado, <strong>de</strong>pois. No rescaldo das<br />

eleições, perante a pressão policial e o <strong>de</strong>smantelamento da estrutura partidária, chega a<br />

ser funcionalizado durante breve período <strong>de</strong> tempo, participando na reorganização do<br />

sector da Margem Sul, quer na corda Almada/Seixal, quer na zona Barreiro/Montijo.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um quadro comunista em ruptura eminente com o partido,<br />

radicalizado, já <strong>de</strong>scrente da estratégia <strong>de</strong> participação eleitoral em 1961 e que mantinha<br />

contactos com Germano Pedro.<br />

Conseguirá aliciar para o movimento a partir das células da sua empresa, do<br />

Arsenal do Alfeite, da fábrica Kellog e um pouco por toda a Margem Sul militantes, ex-<br />

1075 Cf. Manuel Serra, “Salazar esteve a ponto <strong>de</strong> cair” (entrevista <strong>de</strong> João Ma<strong>de</strong>ira), in História, III série, Março <strong>de</strong> 2002, p. 19<br />

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