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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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pela importância do armistício da Coreia, que abria as portas à intensificação da<br />

exigência do Pacto <strong>de</strong> Paz entre as cinco gran<strong>de</strong>s potências.<br />

Era o princípio da coexistência pacífica, que a URSS sustentava, mas num<br />

quadro entendido como <strong>de</strong> enfraquecimento do campo imperialista por <strong>de</strong>saires,<br />

dissenções internas e pela intensificação da luta dos povos coloniais.<br />

Em segundo lugar, a <strong>de</strong>fesa do estabelecimento <strong>de</strong> relações comerciais e<br />

diplomáticas normais <strong>de</strong> Portugal com a União Soviética, a China e os países <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mocracia popular, como factor <strong>de</strong> melhoria substancial do comercio externo nacional,<br />

reivindicação tanto dos trabalhadores como da própria burguesia comercial<br />

metropolitana e colonial, que se <strong>de</strong>via traduzir em iniciativas concretas.<br />

Em terceiro lugar, a convicção <strong>de</strong> que estava a “fermentar uma situação <strong>de</strong><br />

franco ascenso revolucionário no nosso país” 576 , por combinação <strong>de</strong> três factores – o<br />

agravamento das condições <strong>de</strong> vida dos trabalhadores por efeito da política do governo;<br />

a <strong>de</strong>silusão quanto ao papel da oposição atlantista republicana, socialista e anarquista e<br />

o papel educador do partido junto das massas populares.<br />

Este último aspecto tornava-se relevante, pois fazia com que o Partido<br />

Comunista se assumisse como “a única força que conduz uma luta <strong>de</strong> massas contra o<br />

fascismo e é a única força prestigiada por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> dura luta perante as<br />

massas, e estas compreen<strong>de</strong>m, cada vez mais claramente, que é a ele que cabe a gran<strong>de</strong><br />

tarefa <strong>de</strong> direcção do <strong>de</strong>rrubamento do fascismo e da construção do Portugal <strong>de</strong><br />

amanhã” 577 .<br />

Por fim, em quarto lugar, como senão <strong>de</strong>ste cenário, as <strong>de</strong>ficiências do partido a<br />

tolherem a ampla colheita <strong>de</strong>sta disposição que exigia maleabilida<strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong><br />

ultrapassarem as <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s e o sectarismo que obstruíam uma ampla política <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong>.<br />

No essencial <strong>de</strong>stes aspectos radicam, em potência, os germes que hão-<strong>de</strong> levar à<br />

crítica do sectarismo e à inflexão política que caracterizará os anos finais da década.<br />

Será no entanto ainda cedo para que isso se verifique, os apoios são ainda ambíguos e<br />

indistintos, colidindo frequentemente e submergindo perante a forte tradição sectária<br />

que acompanhara os anos fulgurantes da recuperação do regime da crise do pós-<strong>guerra</strong>,<br />

colados à emergência do quadro internacional <strong>de</strong> <strong>guerra</strong> <strong>fria</strong> e agravados com o acuo<br />

motivado pelas saraivadas repressivas que se abateram sobre o partido.<br />

576 Ramiro [Júlio Fogaça], A unida<strong>de</strong> conduz à vitória, Dezembro <strong>de</strong> 1953, dact., p. 17<br />

577 I<strong>de</strong>m<br />

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