19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que contassem com a Organização Revolucionária dos Sargentos, assim como a<br />

Conjugação Republicana Pró-Democracia 190 , entretanto criada.<br />

Mas, mesmo a<strong>de</strong>rindo, o <strong>PCP</strong> criticava o Manifesto da Frente, sobre cujo<br />

conteúdo não teria sido consultado, insistindo na proposta <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> comités <strong>de</strong><br />

enlace entre a CIS e a CGT, com vista à unificação do campo sindical, dando assim<br />

expressão á frente única, tida como esteio fundamental da Frente Popular, o que estava<br />

longe <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r à vonta<strong>de</strong> da CGT, evi<strong>de</strong>ntemente.<br />

Também no exterior dirigentes comunistas, passando ou <strong>de</strong>slocando-se<br />

propositadamente a Paris e Madrid aproveitavam para reforçar os núcleos partidários aí<br />

existentes e incentivar a constituição da Frente entre os emigrados e exilados políticos.<br />

Em Dezembro <strong>de</strong> 1935, por exemplo, Francisco Paula <strong>de</strong> Oliveira procura na<br />

capital francesa conferenciar com José Domingues dos Santos, um republicano <strong>de</strong><br />

esquerda cujo grupo nunca fora profundamente hostil ao <strong>PCP</strong> e que mantinha posições<br />

próximas quanto ao papel das massas populares no <strong>de</strong>rrube do regime, conseguindo que<br />

este conce<strong>de</strong>sse uma entrevista à revista La Correspon<strong>de</strong>nce International, do<br />

Komintern, on<strong>de</strong> profere uma <strong>de</strong>claração crítica face ao reviralhismo, tão ao gosto do<br />

<strong>PCP</strong> 191 .<br />

Assim, a partir <strong>de</strong> Paris, o grupo <strong>de</strong> Domingues dos Santos a<strong>de</strong>re à FPP com e o<br />

mesmo se passa com a Aliança Republicana <strong>de</strong> Jaime Cortesão e Jaime Morais, em<br />

Madrid ou com os enfraquecidos Sindicatos Autónomos.<br />

A presença do <strong>PCP</strong> em Espanha durante a República e a Guerra Civil <strong>de</strong>corria<br />

em larga medida da presença <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> alto nível do Komintern que<br />

assegurava a ligação com o CC do PC Espanhol, com quadros <strong>de</strong>stacados como o<br />

argentino Victorio Codovilla e, já em 1937, Palmiro Togliatti , membro do Comité<br />

Executivo da Internacional, aspirando a representação portuguesa a uma ligação directa<br />

à Internacional, sem intermediação do PC espanhol 192 .<br />

Aos quadros comunistas no exterior punha-se, no entanto, a questão <strong>de</strong><br />

reingressar ou não no país, face à crise orgânica e política que a organização do interior<br />

atravessava. Quadros dirigentes <strong>de</strong> passagem dor Paris, por exemplo, como Pável,<br />

secundado por Cunhal, <strong>de</strong>fendiam o reingresso dos militantes mais experientes ou<br />

capacitados, mas as resistências eram muitas e as quezílias e intrigas internas emergem<br />

190<br />

Luís Farinha, Os reviralhistas e a Frente Popular, in História, <strong>Nova</strong> Série, 28, Janeiro/Fevereiro <strong>de</strong> 1997, p.6<br />

191<br />

Cf J.Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal..., pp 168-170<br />

192<br />

ICS/AHS-IC, Doc 95, Mç 15, Cx 2, [F495, op 10 ª d. 267], Carta <strong>de</strong> Queiros a Manuilski, s.l. [Paris], 10.9.36, [trad. do russo],<br />

secreto, dact., p. 2<br />

79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!