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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Inferindo, estaremos a falar em financiamentos que <strong>de</strong>veriam ter passado a<br />

representar mais <strong>de</strong> 50% das receitas <strong>de</strong>claradas, permitindo ultrapassar folgadamente<br />

quer as dificulda<strong>de</strong>s verificadas.<br />

Mesmo que mo<strong>de</strong>stas face aos restantes partidos comunistas da Europa<br />

Oci<strong>de</strong>ntal, os financiamentos <strong>de</strong> Moscovo vinham escorar significativamente as<br />

finanças do <strong>PCP</strong>.<br />

Naturalmente que a esse fluxo financeiro, acrescia todo um apoio directo, <strong>de</strong><br />

carácter logístico que não era contabilizado, mas que representava seguramente um<br />

enorme alívio nas <strong>de</strong>spesas contabilizadas.<br />

A imagem do partido autosuficiente, que lutava nas difíceis condições da<br />

clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> e da repressão política no interior do país, que sempre alimentou a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> que o lugar dos seus dirigentes e dos seus militantes era aí, que sempre teria<br />

dispensado os apoios materiais, financeiros ou outros, dos seus irmãos soviéticos,<br />

checos ou franceses, sempre levou a cobrir estes apoios <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsa discrição, a torná-<br />

los como que invisíveis, um dos principais segredos partidários, afinal.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente que as <strong>de</strong>spesas eram enormes e a preocupação <strong>de</strong> evitar<br />

situações <strong>de</strong>ficitárias igualmente gran<strong>de</strong>, tendo, como vimos, evoluído no essencial <strong>de</strong><br />

modo sustentado pelas receitas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da sua origem. Júlio Fogaça, no<br />

documento <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1955, que subscreve em nome do Secretariado do Comité<br />

Central, referindo-se ao aumento das <strong>de</strong>spesas, afirma que “Não <strong>de</strong>vemos temer esse<br />

acréscimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas se soubermos empregar bem os fundos do Partido, se os<br />

soubermos aplicar em formas <strong>de</strong> trabalho partidário on<strong>de</strong> ele renda, on<strong>de</strong> ele abra<br />

novas perspectivas ao nosso trabalho político e organizativo” 1701 .<br />

De qualquer modo, a sua estrutura assentava em três gran<strong>de</strong>s capítulos, um<br />

referente às <strong>de</strong>spesas ordinárias com funcionários, isto é com salários e rendas (I); outro<br />

reportando-se a <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> organização, on<strong>de</strong> cabiam verbas gastas em transportes,<br />

activida<strong>de</strong>s inerentes ao controlo partidário e meios <strong>de</strong> transporte e suas reparações (II);<br />

o terceiro capítulo, finalmente, incluía todas as restantes <strong>de</strong>spesas partidárias gerais,<br />

bem como as <strong>de</strong> carácter extraordinário (III) 1702 .<br />

Esta estrutura <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas, como <strong>de</strong> resto a <strong>de</strong> receitas, correspondia ao mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> organização dos balancetes mensais dos funcionários e manteve-se duradouramente<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a “reorganização” <strong>de</strong> 1940-41.<br />

1701 Ramiro, A evolução das receitas e <strong>de</strong>spesas…, p. 6<br />

1702 Cf. Santos [Manuel Gue<strong>de</strong>s], Informe sobre Fundos, Agosto <strong>de</strong> 1949, pp 6-8, in TCL, 4º JC, Processo 59/61 [44685], 7º<br />

volume, apenso a fls 514<br />

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