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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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A causa fundamental da <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> do movimento foi organizativa, afastando<br />

completamente qualquer i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o movimento estava <strong>de</strong>sfasado da realida<strong>de</strong> e que<br />

tinha sido errado realizá-lo. Era, não obstante, o partido que caminhava atrasado em<br />

relação à situação objectiva. O que o Comité Central acolhe é a gran<strong>de</strong> lição retirada por<br />

Alfredo Dinis que se reflecte bem no título do artigo que virá a ser publicado em O<br />

Militante: Uma vitória geral com insucessos parciais 296 .<br />

Quanto ao MUNAF, a quem caberia preparar a insurreição antifascista, tornava-<br />

se necessário vencer por um lado as tendências putchistas, insistindo na via do<br />

levantamento nacional e, por outro, a vonta<strong>de</strong>, manifesta por vários sectores <strong>de</strong> dotar a<br />

organização <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> fundo, contrapondo a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong><br />

emergência, necessariamente mais sucinto, <strong>de</strong>stinado apenas a servir como um<br />

programa <strong>de</strong> transição até à convocação <strong>de</strong> eleições <strong>de</strong>pois do <strong>de</strong>rrube <strong>de</strong> Salazar..<br />

Formalmente aprovado em Julho <strong>de</strong> 1944, o Programa <strong>de</strong> Emergência consagra<br />

o fundamental dos pontos <strong>de</strong> vista que vinham sendo <strong>de</strong>fendidos pelo Partido<br />

Comunista. Incluía mesmo a indicação <strong>de</strong> que se havia prescindido <strong>de</strong> um programa<br />

mais <strong>de</strong>talhado e aprofundado, a remeter para a fase que é aí <strong>de</strong>signada <strong>de</strong> “período <strong>de</strong><br />

plena normalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática sob a égi<strong>de</strong> da Assembleia” Constituinte 297 .<br />

O programa, organizado em 9 capítulos/objectivos, inicia-se precisamente com a<br />

<strong>de</strong>struição do regime nos termos que são formalmente <strong>de</strong>fendidos por Álvaro Cunhal a<br />

partir da reunião do Comité Central <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1944.<br />

Apesar <strong>de</strong> tudo, como já foi evi<strong>de</strong>nciado 298 , é em matéria colonial que o programa mais<br />

surpreen<strong>de</strong> ao apontar para a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Portugal com as colónias, “na medida em que<br />

constitue uma missão civilizadora e <strong>de</strong> auxílio aos povos indigenas” 299 .<br />

Também em matéria internacional Portugal é colocado no quadro das Nações<br />

Unidas, colaborando com as <strong>de</strong>mocracias mundiais, no respeito pelos princípios da carta<br />

do Atlântico e das Conferências <strong>de</strong> Moscovo e Teerão, reconhecendo a URSS e<br />

apoiando a aliança luso-britância, que tão veementes protestos suscitaria por servir <strong>de</strong><br />

resguardo à estratégia <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong> Salazar com a <strong>de</strong>rrota dos fascismos na<br />

<strong>guerra</strong>, valorizando objectivamente o papel que a Inglaterra representava na coligação<br />

antifascista internacional.<br />

296 Cf. Uma vitória geral com insucessos parciais, in O Militante, III série, 30, Agosto <strong>de</strong> 1944<br />

297 Conselho Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Anti-Fascista, Programa <strong>de</strong> Emergência do Governo Provisório, Agosto <strong>de</strong> 1944<br />

298 Cf. José Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal..., Volume 2..., pp 370-371<br />

299 Conselho Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Anti-Fascista, Programa <strong>de</strong> Emergência..., VIII<br />

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