19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Deste modo, o Comité Regional propõe a suspensão do partido dos militantes<br />

envolvidos por um período superior a seis meses, sanção que <strong>de</strong>verá ser ratificada pelo<br />

escalão superior, ficando no entanto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo suspensos <strong>de</strong> qualquer activida<strong>de</strong><br />

partidária.<br />

A <strong>de</strong>marcação e a con<strong>de</strong>nação pública virão a seguir à <strong>de</strong>rrocada, nas páginas do<br />

Avante! em termos inevitavelmente mais matizados. É reconhecida a coragem e até o<br />

patriotismo dos que participaram no golpe <strong>de</strong> Beja, só que <strong>de</strong>veriam ter percebido que<br />

se tratava <strong>de</strong> uma acção con<strong>de</strong>nada à partida à <strong>de</strong>rrota, e não terem insistido na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

que, não obstante uma imensa <strong>de</strong>sproporção <strong>de</strong> forças, seria possível a um pequeno<br />

grupo <strong>de</strong> homens “paralisar o aparelho <strong>de</strong> estado fascista e, pelo seu exemplo, arrastar<br />

a massa do povo e os militares à sublevação espontânea contra as autorida<strong>de</strong>s<br />

fascistas, <strong>de</strong>rrubando a ditadura” 1078 .<br />

Mais uma vez o partido sublinhava o erro em que laboravam os que persistiam<br />

em manter-se arreigados a tais concepções, reiterando a valida<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo do<br />

levantamento nacional, no caminho do qual o golpe <strong>de</strong> Beja não <strong>de</strong>ixava boa memória,<br />

em contraste com o que ficara da intervenção eleitoral <strong>de</strong> 1961, renovando,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, os apelos à unida<strong>de</strong>.<br />

3. A questão colonial<br />

Mas, em pano <strong>de</strong> fundo, invadindo po<strong>de</strong>rosamente a conjuntura, a questão<br />

colonial vinha rapidamente ocupando um lugar central.<br />

O <strong>PCP</strong> apercebia-se da iminência da <strong>guerra</strong> nas colónias. Entendia que as acções<br />

<strong>de</strong> protesto e os inci<strong>de</strong>ntes entre a população negra e as autorida<strong>de</strong>s coloniais,<br />

invariavelmente sufocadas por uma repressão <strong>de</strong>sabrida e sem quaisquer<br />

contemporizações, estava a abrir caminho a soluções violentas.<br />

Ainda em Outubro <strong>de</strong> 1959, o Avante! <strong>de</strong>nunciava o reforço dos preparativos <strong>de</strong><br />

<strong>guerra</strong> 1079 . E ao longo do ano seguinte a questão colonial ganha presença nas sucessivas<br />

edições do jornal, reflectindo bem, por um lado como a situação <strong>de</strong> conflitualida<strong>de</strong> se<br />

1078 Aproveitemos as lições da revolta <strong>de</strong> Beja, in Avante!, VI série, 312, Janeiro <strong>de</strong> 1962<br />

1079 Cf. Contra a política <strong>de</strong> agressão colonialista, in Avante!, VI série, 282, Outubro <strong>de</strong> 1959<br />

424

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!