19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

organizada po<strong>de</strong>rá libertar os trabalhadores portugueses da miséria e da<br />

fome provocadas pelo <strong>de</strong>semprego” 462<br />

Por outro lado, a reunião do Comité Central vinha <strong>de</strong>senvolvendo uma outra<br />

vertente, <strong>de</strong>senhada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> finais da <strong>guerra</strong>, procurando acompanhar o novo quadro <strong>de</strong><br />

tensão bipolar.<br />

O combate pelo fim do regime, pela <strong>de</strong>mocracia, ligava-se à luta contra um novo<br />

conflito militar, pela paz e esta, por sua vez, à simpatia pela União Soviética e pelos<br />

novos países <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia popular. A luta contra a participação <strong>de</strong> Portugal na NATO<br />

ou contra a cedência <strong>de</strong> bases militares nacionais tornava-se um eixo central da<br />

propaganda do Partido Comunista.<br />

Porém, naquela conjuntura a linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação do campo dos aliados só podia<br />

<strong>de</strong>senhar-se entre aqueles que não adoptavam nem resvalavam para posições anti-<br />

comunistas, a realida<strong>de</strong> tonava difícil encontrá-los fora <strong>de</strong> franjas estreitíssimas <strong>de</strong><br />

compagnons <strong>de</strong> route, muitos dos quais permaneciam fora do partido por razões<br />

meramente circunstanciais ou pessoais.<br />

Com um Movimento Nacional Democrático que pouquíssimo alargava em<br />

relação às fileiras partidárias, o <strong>PCP</strong> sempre podia ir passando a dizer que a unida<strong>de</strong> se<br />

iria manter, ou até, <strong>de</strong> modo perfeitamente excessivo, que o MUNAF continuava a<br />

existir, e que a sigla MND representava a unida<strong>de</strong> das forças <strong>de</strong>mocráticas, uma espécie<br />

<strong>de</strong> reduto legal, vital para aproveitar as condições políticas que as eleições para as<br />

Juntas <strong>de</strong> Freguesia e para a Assembleia Nacional ainda nesse ano <strong>de</strong> 1949<br />

possibilitariam.<br />

Efectivamente, daquele ponto <strong>de</strong> vista, pouca mais margem <strong>de</strong> acção haveria,<br />

pois, como o Comité Central reconhece, “o Partido tem que combater simultâneamente<br />

os coveiros da in<strong>de</strong>pendência nacional que preten<strong>de</strong>m arrastar o país para uma <strong>guerra</strong><br />

<strong>de</strong> agressão e o lançar numa crise profunda; e contra os falsos <strong>de</strong>mocratas<br />

sabotadores da unida<strong>de</strong> das fôrças anti-fascistas” 463 .<br />

Em consequência reiterava-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afastar <strong>de</strong> cargos <strong>de</strong> direcção no<br />

partido ou nas organizações periféricas aqueles que se mostravam discordantes ou<br />

refractários à orientação política estabelecida, <strong>de</strong>terminando que “o Partido Comunista<br />

afastará das suas fileiras todos aqueles camaradas que persistam, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

esclarecidos, em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem i<strong>de</strong>ias e concepções estranhas ao Partido e em seguirem<br />

462 I<strong>de</strong>m<br />

463 I<strong>de</strong>m, p. 7<br />

185

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!