19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

nossos soldados e marinheiros, teremos criado condições para movimentar<br />

mesmo os sargentos e oficiais e os elementos honestos das forças<br />

repressivas. A EXISTÊNCIA DUMA ORGANIZAÇÃO ANTI-SALAZARISTA<br />

NAS FORÇAS ARMADAS E DUMA INFLUÊNCIA DEMOCRÁTICA PELO<br />

MENOS EM ALGUNS DOS SEUS SECTORES É INDISPENSÁVEL PARA<br />

O LEVANTAMENTO NACIONAL CONTRA O FASCISMO” 1130<br />

Mais uma vez, nem uma palavra sobre a questão colonial. Afinal, por mais<br />

premente que se mostrasse, por mais que se impusesse, bulia com as concepções<br />

enraizadas no <strong>PCP</strong> que entendia a sua solução como efeito e não como factor capaz <strong>de</strong><br />

provocar a queda do regime.<br />

Esta <strong>de</strong>svalorização da questão colonial agora objectivamente expressa,<br />

explicaria ainda os compromissos com a oposição não comunista, como <strong>de</strong> resto<br />

suce<strong>de</strong>ra face ao Programa para a Democratização da República e durante a campanha<br />

eleitoral do ano anterior, com abaixamento <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>iras e cedências do ponto <strong>de</strong> vista<br />

das consignas, que chegavam até ao silenciamento da reclamação <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência para<br />

as colónias.<br />

O Comité Central <strong>de</strong>terminou, por exemplo, que não se fizesse qualquer crítica<br />

pública ao Programa, <strong>de</strong>signadamente sobre esta matéria, com o argumento que a altura<br />

não era oportuna, dada a proximida<strong>de</strong> do período eleitoral em que se tornava necessário<br />

assegurar a unida<strong>de</strong> dos diferentes sectores oposicionistas 1131 .<br />

Ao mesmo tempo, mesmo em organismos <strong>de</strong> direcção intermédia prevaleciam<br />

posições que evi<strong>de</strong>nciavam um forte lastro colonialista e chauvinista. Em Maio <strong>de</strong> 1961,<br />

por exemplo, um manifesto da Direcção da Organização Regional da Beira Litoral<br />

apelava – “Trabalhadores, mostremos aos nossos patrões que só a in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

Angola serve os seus interesses” porque “se tornará <strong>de</strong> facto um mercado para os<br />

nossos artigos” 1132 .<br />

Não seria propriamente estranho que assim fosse, pois na reunião do CC <strong>de</strong><br />

Março <strong>de</strong> 1961 a resolução aprovada sobre a Conferência dos 81 Partidos Comunistas e<br />

Operários realizada em Moscovo meses antes <strong>de</strong>stacava o papel da luta anti-colonial<br />

para o reforço do campo soviético e pronunciando-se sobre a situação colonial<br />

1130 O Comité Central do Partido Comunista Português, Aos Trabalhadores! A todos os Portugueses! Para <strong>de</strong>rrubar a ditadura<br />

fascista é necessário reforçar muito a UNIDADE, ampliar fortemente a ORGANIZAÇÃO e intensificar por todo o lado a<br />

ACÇÃO, Dezembro <strong>de</strong> 1962, p. 4<br />

1131 Cf. Os comunistas e a questão colonial (1). Combater o chauvinismo imperialista é a base duma efectiva solidarieda<strong>de</strong><br />

aos povos das colónias, in Revolução Popular, 6, Dezembro <strong>de</strong> 1965, Edição fac-similada, Edições Voz do povo, s.d., <strong>Lisboa</strong>, p.<br />

148<br />

1132 Cit. I<strong>de</strong>m , pp 148-149<br />

443

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!