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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Esta situação continuará a agravar-se ao longo dos anos 50, sendo presumível<br />

que em Janeiro <strong>de</strong> 1956 o número <strong>de</strong> militantes se cifrasse bastante abaixo dos 2000, à<br />

volta <strong>de</strong> 1390, sendo só a partir <strong>de</strong>ssa data que se regista uma inversão <strong>de</strong> tendência,<br />

mo<strong>de</strong>rada, que teria permitido ao partido assinalar um crescimento <strong>de</strong> 38,6% quando se<br />

realiza o V Congresso, o que representaria um total <strong>de</strong> 1926 militantes 1706 .<br />

Porém, por efeito da exposição <strong>de</strong> sectores importantes do corpo <strong>de</strong> militantes na<br />

campanha eleitoral <strong>de</strong> 1958, a repressão intensa e consequente <strong>de</strong>smantelamento <strong>de</strong><br />

muitas organizações locais e <strong>de</strong> empresa estancou esse assomo <strong>de</strong> crescimento.<br />

O alegado esgarçamento orgânico que o chamado <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita em matéria<br />

<strong>de</strong> organização estaria a provocar, contribuiria para esse emagrecimento das fileiras<br />

partidárias.<br />

A correcção do “<strong>de</strong>svio” empreendida a partir <strong>de</strong> 1960-61 pretendia inverter essa<br />

situação. Por esses anos, viveu-se um clima <strong>de</strong> entusiasmo com novas a<strong>de</strong>sões e o<br />

crescimento da influência política e social do <strong>PCP</strong>, em particular em sectores, como os<br />

estudantes, teria possibilitado que em finais <strong>de</strong> 1961 se contabilizassem 2382 militantes<br />

e 4459 simpatizantes 1707 .<br />

Porém, a radicalização dos sectores mais combativos do proletariado das<br />

cinturas industriais <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, e também em meio estudantil, face à política contida do<br />

Partido Comunista, dissuasora da acções radicais com recurso à violência que se iam<br />

disseminando nesses ambientes, criariam, em reverso, alguma resistência na a<strong>de</strong>são ao<br />

<strong>PCP</strong>, que acabava por ir lavrando e fazendo caminho.<br />

Para mais, os efeitos da repressão eram implacáveis, quer no rescaldo das<br />

movimentações <strong>de</strong> massas quer por efeito da vigilância policial.<br />

Por outro lado, os efeitos <strong>de</strong>vastadores das <strong>de</strong>clarações prestadas na polícia por<br />

quadros importantes do partido – Rolando Verdial em 1963, Nuno Álvares Pereira, em<br />

64-65, Fernando <strong>de</strong> Sousa em 67 e Augusto Lindolfo em 1971 – não só provocavam<br />

sucessivas razias nas fileiras partidárias como alimentaram a reserva, a <strong>de</strong>sconfiança e o<br />

distanciamento.<br />

Em 1971, segundo estatísticas <strong>de</strong> origem soviética, o <strong>PCP</strong> teria 3000 militantes<br />

1708 , número que, mesmo inflacionado, remetia para uma persistente dificulda<strong>de</strong> em<br />

recuperar níveis <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são comparáveis com os da conjuntura da segunda <strong>guerra</strong><br />

1706 Cf. IANTT, PIDE-DGS, NT 9076, [sem título], p.19 [103]<br />

1707 I<strong>de</strong>m, Organização clan<strong>de</strong>stina do “Partido Comunista Português”, s.d., [770-791]<br />

1708 Cf. IANTT, PIDE-DGS, P. 1/46-SR, Pasta 2, Fe<strong>de</strong>rico Pietro Celi, Cuantos Comunistas hay?, in La Prensa, Lima, 10.3.1971,<br />

[262-265]<br />

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