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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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entre efectivos e suplentes, três <strong>de</strong>les membros do Secretariado. Para mais Cunhal e<br />

Vilarigues haviam saído para o exterior.<br />

A oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passar em revista os aspectos organizativos do partido<br />

prevalecia à luz <strong>de</strong>sta situação e impunha-se na reunião <strong>de</strong> Direcção do <strong>PCP</strong>, que se<br />

manifestou implacável na crítica ao secretariado anterior, apesar <strong>de</strong> constituído já em<br />

contexto <strong>de</strong> “crítica ao <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita, acusado <strong>de</strong> não ouvir com suficiente atenção a<br />

opinião dos dirigentes, <strong>de</strong> predominar nesse órgão um trabalho individualista e<br />

presunçoso, <strong>de</strong> abafarem ou receberem com contrarieda<strong>de</strong> as críticas formuladas.<br />

Os dirigentes mais responsáveis que haviam sido presos em Dezembro <strong>de</strong> 1961<br />

– e tinham sido presos todos os membros do Secretariado que se encontravam no<br />

interior do país 1221 – são censurados publicamente: Pires Jorge por ter sido preso ao<br />

frequentar locais <strong>de</strong>saconselháveis, fazendo tempo para entrar na reunião do CC e<br />

mantendo consigo documentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância; Octávio Pato por não ter dado a<br />

<strong>de</strong>vida atenção a um conjunto <strong>de</strong> sinais estranhos que o <strong>de</strong>veriam ter levado a não se<br />

dirigir à sua instalação; Carlos Costa porque entrou imprevi<strong>de</strong>ntemente numa casa que<br />

havia sido pouco antes assaltada pela polícia 1222 .<br />

São do mesmo modo censurados os que haviam integrado a direcção do<br />

movimento do 1º <strong>de</strong> Maio em <strong>Lisboa</strong>. É o caso <strong>de</strong> José Magro, efectivo do Comité<br />

Central, apontado como “o mais responsável pelos diversos erros conspirativos que se<br />

encontram na origem da sua prisão e das outras prisões efectuadas na mesma altura”<br />

1223 , tendo-lhe sido, para mais, apreendida documentação interna <strong>de</strong> enorme importância.<br />

Dias Lourenço que, por sua vez, fora preso mais tar<strong>de</strong>, em Agosto, quando, no<br />

rescaldo das greves, passava férias em Buarcos, numa casa alugada por si, se é,<br />

publicamente, apenas censurado por reinci<strong>de</strong>ntes actos <strong>de</strong> liberalismo, que só muito<br />

dificilmente po<strong>de</strong>riam não ter redundado na sua prisão, já internamente, é acusado <strong>de</strong><br />

indisciplina, resistência enquanto secretário do CC a <strong>de</strong>scentralizar tarefas, i<strong>de</strong>ias<br />

erradas quanto à sua movimentação e um “liberalismo personificado” 1224 em tudo<br />

quanto se relacionava com as circunstâncias em que foi localizado e <strong>de</strong>tido.<br />

Sobre Dias Lourenço é mesmo dito que “Nunca o camarada compreen<strong>de</strong>u ou<br />

aceitou as críticas que repetidamente foram feitas à sua movimentação, aos seus<br />

1221<br />

Cf. IAN/TT, JCL, 4º JC, P. 97/64, 14º vol., Intervenção sobre questões da Direcção e da <strong>de</strong>fesa do Partido na reunião do<br />

Comité Central <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1962, dact., p. 2, apenso a fls 1009<br />

1222<br />

Cf. Sobre a <strong>de</strong>fesa conspirativa do Partido. Resolução do Comité Central, O Militante, III série, 121, Dezembro <strong>de</strong> 1962<br />

1223 Cf. I<strong>de</strong>m<br />

1224 Cf. IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, PC 1641/63, Sobre a reunião…, p. 2…<br />

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