19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Serra explica o papel <strong>de</strong> vanguarda da classe operária no contexto da unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mocrática e anti-salazarista e reconhece:<br />

“É frequente em documentos do Partido, mesmo em documentos<br />

fundamentais, uma gran<strong>de</strong> subestimação da classe operária, da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretarmos justamente os seus anseios e <strong>de</strong> a<br />

mobilizarmos para a luta <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo os seus interesses. Os nossos<br />

argumentos <strong>de</strong>senvolvem-se e <strong>de</strong>sdobram-se nesses documentos mais em<br />

função dos interesses <strong>de</strong> outras classes tais como os camponeses e a<br />

pequena e média burguesia, do que em função dos interesses da classe<br />

operária” 709<br />

As alusões ao <strong>de</strong>bate em curso eram evi<strong>de</strong>ntes e o reconhecimento do erro<br />

também. Porém, entendia-se que assim se tinha procedido porque se acreditava na i<strong>de</strong>ia<br />

falsa <strong>de</strong> que a classe operária estaria esclarecida, seguiria fielmente as consignas do<br />

Partido Comunista e por isso não era necessário <strong>de</strong>dicar-lhe uma atenção que seria<br />

<strong>de</strong>snecessária.<br />

Embora se consi<strong>de</strong>rasse isso incorrecto, tratava-se <strong>de</strong> algum modo apenas um<br />

meio reconhecimento, já que permitia rectificar, acantonando, no entanto, o erro numa<br />

explicação supérflua e pouco consistente.<br />

Quanto ao mais, introduzia-se efectivamente todo um conjunto <strong>de</strong> aspectos<br />

<strong>de</strong>stinados a forjar a unida<strong>de</strong> da classe operária, que correspondiam ao essencial do que,<br />

<strong>de</strong>ste ponto <strong>de</strong> vista, Guilherme Carvalho havia propugnado, <strong>de</strong>signadamente o reforço<br />

da organização do partido, a sua ligação às gran<strong>de</strong>s empresas e centros industriais, a<br />

preocupação em relação aos problemas dos trabalhadores e a atenção às lutas e<br />

movimentações em torno <strong>de</strong> objectivos concretos.<br />

De qualquer modo, a discussão arrasta-se e o ambiente <strong>de</strong> preparação do V<br />

Congresso propicia essa situação, com o CC a fazer reuniões a uma cadência gran<strong>de</strong>,<br />

praticamente uma por mês. A <strong>de</strong> Julho constitui um momento importante <strong>de</strong><br />

sistematização e avaliação das discussões que corriam há meses. Do que é possível<br />

apurar, vai-se alargando o leque <strong>de</strong> elementos que i<strong>de</strong>ntifica as posições políticas<br />

veiculadas pelo documento <strong>de</strong> Outubro como um <strong>de</strong>svio que importa corrigir, um<br />

<strong>de</strong>svio que é assinalado por alguns como sendo filho da Política <strong>de</strong> Transição. E se é a<br />

709 Freitas [Jaime Serra], Unir a classe operária através da luta, eis a tarefa fundamental do nosso Partido, in O Militante, III<br />

série, 94, Junho <strong>de</strong> 1957<br />

283

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!