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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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De qualquer modo, a crise académica como as comemorações do 1º <strong>de</strong> Maio e as<br />

lutas do assalariados rurais nos campos do sul constituiriam as gran<strong>de</strong>s jornadas<br />

políticas <strong>de</strong> 1962.<br />

É com dois meses <strong>de</strong> antecedência, apoiado na apreciação que fazia das<br />

participação nas eleições <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1961 e nas manifestações <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Janeiro e<br />

8 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1962, que o partido lançava o apelo para o 1º<strong>de</strong> Maio, que queria<br />

organizar com tempo e que entendia exprimir-se através <strong>de</strong> manifestações e<br />

concentrações, naturalmente, mas também <strong>de</strong> paralisações <strong>de</strong> trabalho.<br />

Como habitualmente, em iniciativas com estas características, procurava<br />

congregar factores <strong>de</strong> mobilização que abrangessem os mais amplos sectores sociais –<br />

reivindicações económicas e reivindicações políticas, como a amnistia e o fim da<br />

política <strong>de</strong> <strong>guerra</strong>. Pão, Liberda<strong>de</strong> e Paz eram as consignas que sintetizavam esse apelo.<br />

Mas, o entendimento que tinha da situação apresentava, objectivamente o<br />

levantamento nacional e o fim do regime como próximos:<br />

“Se elevarmos, como dizemos, a amplidão e a combativida<strong>de</strong> das<br />

mais importantes lutas populares, estaremos criando as condições<br />

indispensáveis para o levantamento nacional que <strong>de</strong>rrubará o fascismo e<br />

instaurará um Portugal Democrático, Pacífico e Próspero” 1176<br />

Este optimismo face à proximida<strong>de</strong> do fim do regime estava aliás patente no<br />

artigo que Álvaro Cunhal publica também em Março <strong>de</strong>sse ano na Revista<br />

Internacional, em que termina dizendo que se aproxima o <strong>de</strong>rrube da ditadura<br />

salazarista e em que “o Sol da liberda<strong>de</strong> raiará finalmente para o martirizado povo<br />

português” 1177<br />

Só <strong>de</strong>ste ponto <strong>de</strong> vista se percebe que as comemorações do 1º <strong>de</strong> Maio fossem<br />

vistas como um primeiro momento <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> rua que<br />

perspectivavam para esse mês. Assim, ao mesmo tempo que se vão organizando e<br />

convocando as acções para o dia do trabalhador, é lançado igualmente o apelo à<br />

comemoração do 8 <strong>de</strong> Maio, data que assinala o fim da segunda <strong>guerra</strong> mundial, como<br />

uma gran<strong>de</strong> jornada pela paz, a assinalar igualmente com reuniões, manifestações e<br />

concentrações, on<strong>de</strong> fosse possível unir trabalhadores, estudantes, militares e<br />

mulheres 1178 .<br />

1176<br />

Apelo para o 1º <strong>de</strong> Maio, Avante!, VI série, 314, Março <strong>de</strong> 1962<br />

1177<br />

Álvaro Cunhal, <strong>Nova</strong> fase da luta…<br />

1178<br />

Cf. Façamos do 8 <strong>de</strong> Maio, uma gran<strong>de</strong> jornada <strong>de</strong> Paz!, Avante!, VI série, 315, Abril <strong>de</strong> 1962<br />

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